O deputado italiano Angelo Bonelli afirmou ter recebido ameaças e mensagens de morte depois de fornecer às autoridades italianas o endereço onde a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) estava hospedada em Roma. A parlamentar brasileira foi localizada e presa na noite de 3ª feira (29.jul.2025) em um apartamento no bairro Aurélio, na capital italiana.
“Tenho recebido mensagens de ameaça nas redes sociais, inclusive mensagens de morte, em relação a este caso. Agora caberá à justiça italiana decidir, e depois caberá ao governo decidir sobre a extradição de Zambelli”, escreveu Bonelli em nota à imprensa. Leia a íntegra ao final desta reportagem.
Bonelli também detalhou a cronologia dos acontecimentos. Às 18h40 no horário local, (13h40 de Brasília), ele recebeu informações sobre a localização de Zambelli. Cerca de 1 hora depois, às 19h50 (14h50 no Brasil), o deputado italiano transmitiu esses dados ao delegado de Polícia de Roma.
A polícia italiana identificou a deputada brasileira às 21h (16h de Brasília) no endereço indicado por Bonelli. O processo de localização durou aproximadamente 2 horas e 20 minutos desde o recebimento das informações pelo deputado italiano até a confirmação da presença de Zambelli no local.
Há versões contraditórias sobre a situação atual de Zambelli. A PF (Polícia Federal) e o Ministério da Justiça do Brasil afirmam que ela foi presa pela polícia italiana. O seu advogado, Fabio Pagnozzi, diz que a deputada se entregou voluntariamente para colaborar com o caso.
O PL, partido de Carla Zambelli, divulgou nota de solidariedade à parlamentar e reforçou a versão da defesa de que houve entrega voluntária às autoridades italianas.
A defesa mencionou pedido de asilo político, mas não há definição se será aceito pelas autoridades italianas. Após a análise inicial do caso pela Justiça italiana, com base nas manifestações do Ministério Público italiano e da defesa, haverá possibilidade de recurso.
A Justiça italiana tem 48 horas para decidir se Zambelli aguardará o processo de extradição em liberdade, em prisão domiciliar ou detida. Após a conclusão da etapa judicial, cabe ao governo italiano aprovar ou não a extradição da deputada brasileira. Leia mais nesta reportagem.
Zambelli anunciou que deixou o Brasil em 3 de junho, após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), emitir ordem de prisão contra ela. O nome dela foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.
A deputada foi condenada em 14 de maio por unanimidade da 1ª Turma do STF por falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático qualificada. A pena total é de 10 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, além de 200 dias-multa e indenização de R$ 2 milhões por danos morais coletivos.
Leia a íntegra da nota de Angelo Bonelli:
“No caso de Carla Zambelli, eu descrevo o que aconteceu.
“Ontem, às 18h40, recebi informações sobre o endereço de Carla Zambelli, com uma advertência da Interpol pendente contra ela. Às 19h50, informei o endereço de Zambelli à polícia nacional, representada pelo delegado de polícia de Roma.
“Às 21h, a polícia nacional identificou Carla Zambelli no endereço que eu havia fornecido: um apartamento no bairro Aurélio, em Roma.
“Estes são os fatos. Como você sabe, Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por hackear um sistema informático e emitir um mandado de prisão falso contra um juiz do Supremo Tribunal Federal. Ela também está sendo julgada por apontar uma arma contra um jornalista em São Paulo.
“Eu cumpri meu dever como cidadão, ao contrário daqueles que, usando a cidadania italiana, se declararam intocáveis – como a própria Carla Zambelli declarou em entrevista à CNN Brasil em 3 de junho.
“Carla Zambelli é uma importante expoente do partido de Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro contra quem o Judiciário busca uma condenação por tentativa de golpe no país após as eleições de 2022.
“Recentemente, tenho recebido mensagens de ameaça pelas redes sociais, inclusive mensagens de morte, em relação a este caso. Agora caberá à Justiça italiana decidir, e depois caberá ao governo decidir sobre a extradição de Zambelli.”