O líder Bruno Camilo afirma que o interesse da empresa de celulose é a expansão dos plantios de eucalipto, enquanto a comunidade tem buscado pavimentar projetos que vão na contramão disso, já tendo, inclusive, obtido reconhecimento internacional de reflorestamento. Especialistas alertam, há algum tempo, sobre os malefícios da monocultura de eucalipto, por dizimar tanto a flora como a fauna, uma vez que as espécies não conseguem mais encontrar fatores propícios para sobreviver, se desenvolver e perpetuar. Outros exemplos de monocultura, que se pode comparar, por conta dos mesmos resultados que geram, são o de milho e o de soja. A monocultura também está muito ligada ao uso de agrotóxicos. Um relatório do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) destaca que pesquisadores encontraram um sítio arqueológico sobre dunas em Conceição da Barra nas proximidades do rio Itaúnas."Entre eles estão nomes como Mestre Anís, Mestre Caboquim, João Quemode, Vantuir e o Preto Velho, griôs que mantêm vivas as festas folclóricas e tradições reconhecidas e celebradas por toda a região", ressalta a entidade em nota divulgada neste sábado (13).
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informa que no Espírito Santo há 550 sítios arqueológicos cadastrados e que a maior parte fica na região costeira, sobretudo no norte do Estado, nos municípios de Conceição da Barra, Linhares e São Mateus. Isso sugere que há possibilidade de outros serem identificados."Nele foram encontrados artefatos líticos como batedores, percutores e lascas de quartzo. Sua datação é estimada em 500 a. C. Também nesse município foi registrado o sítio “Ta-01”, entre dunas, com artefatos líticos em quartzo."
Luta coletiva
Camilo conta que perdeu um irmão por conta da mobilização política que o contexto tem exigido dos moradores e que um deles está, hoje, internado em um hospital, após ter um infarto. Antes da Suzano, afirma, outra empresa do mesmo ramo disputou a área com os quilombolas.A Agência Brasil procurou a Suzano, que não se pronunciou até o momento. A reportagem também questionou os Ministérios da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública e a FCP, mantendo o espaço aberto para eventuais manifestações. Relacionadas"São pessoas que merecem respeito. E a Suzano não quer diálogo. Estão [a Suzano Papel e Celulose] marginalizando nosso movimento."

Defesa de fazendeiros em Goiás contesta decisão sobre quilombolas