• Sábado, 6 de dezembro de 2025

Como as éguas receptoras moldam a nova geração de campeões dos haras milionários

Seleção criteriosa, manejo rigoroso e sanidade impecável fazem das éguas receptoras o pilar das maiores taxas de prenhez na Transferência de Embriões e impulsionam a evolução genética da equinocultura.

Seleção criteriosa, manejo rigoroso e sanidade impecável fazem das éguas receptoras o pilar das maiores taxas de prenhez na Transferência de Embriões e impulsionam a evolução genética da equinocultura. A Transferência de Embriões (TE) é hoje uma das biotécnicas mais estratégicas para o avanço genético da equinocultura no Brasil e no mundo. Criatórios de elite, responsáveis por alguns dos cavalos mais premiados da atualidade, só alcançam resultados expressivos porque dominam cada detalhe do processo — e nenhum deles é mais determinante do que a seleção e o manejo das éguas receptoras. Embora as doadoras concentrem o valor genético, é a receptora quem sustenta a gestação, garante o desenvolvimento embrionário e transforma o potencial em realidade. Por isso, sua escolha nunca pode ser aleatória. A seguir, o Compre Rural apresenta um conteúdo completo, técnico e contextualizado sobre os critérios essenciais para seleção de doadoras e receptoras, além dos cuidados que definem o sucesso das gestações em programas de TE.
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    O primeiro passo para um programa de Transferência de Embriões eficiente é a escolha de éguas doadoras de alta qualidade. Entre os fatores avaliados, destacam-se: window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});
  • Histórico reprodutivo completo, identificando fertilidade, facilidade de prenhez e partos anteriores.
  • Idade adequada, geralmente éguas maduras, mas ainda com alta eficiência reprodutiva.
  • Potencial genético sólido, incluindo valor zootécnico, linhagem, desempenho esportivo e relevância dentro do registro da raça.
  • Conformação da vulva e condição uterina, fundamentais para evitar contaminações e garantir um ambiente adequado ao embrião.
  • Quantidade de gestações pretendida, já que programas intensivos exigem doadoras altamente responsivas.
  • Durante o cio, a doadora deve ser monitorada diariamente, acompanhando crescimento folicular e momento ideal de inseminação. Como se trata de um procedimento de custo elevado, recomendam-se apenas éguas de qualidade superior e com eficiência comprovada. Se a doadora entrega a genética, é a receptora quem determina se o futuro potro terá ou não chance real de nascer. Por isso, criatórios de ponta investem fortemente na seleção e no manejo dessas éguas, considerando que a receptora ideal responde por grande parte do sucesso das taxas de prenhez.
  • Ausência total de problemas reprodutivos — critério mais importante.
  • Histórico de crias anteriores, preferencialmente com gestações saudáveis e partos normais.
  • Condição corporal equilibrada e boa saúde geral.
  • Tamanho semelhante ao da doadora, para evitar desproporções no desenvolvimento fetal.
  • Boa índole, comportamento dócil e fácil manejo — essencial para exames e procedimentos.
  • Desenvolvimento mamário adequado e comprovada habilidade materna.
  • Ciclos estrais normais e útero sem anormalidades.
  • Idade entre 3 e 10 anos, fase mais segura para gestações.
  • Cérvix firmemente fechada e útero tubular, condições que favorecem a manutenção da gestação.
  • Presença de corpo lúteo acima de 30 mm, importante para estabilidade hormonal.
  • As éguas agitadas, difíceis de manusear ou com histórico reprodutivo duvidoso não devem ser utilizadas. O ponto mais crítico no processo é garantir que o útero da receptora esteja compatível com a fase de desenvolvimento do embrião. Para isso, é necessário:
  • Sincronizar a ovulação da doadora e da receptora, com diferença máxima de 1 dia.
  • Monitorar os ovários com ultrassonografia diária durante o cio.
  • Utilizar protocolos hormonais com prostaglandinas, progesterona e progestágenos, como Altrenogest, quando necessário.
  • Sem sincronização hormonal adequada, o embrião simplesmente não encontra o ambiente ideal para se fixar e se desenvolver. Um programa de TE profissional exige um protocolo sanitário rigoroso, incluindo:
  • Vacinação completa antes do início da temporada.
  • Vermifugação estratégica, evitando aplicações nos 90 primeiros dias de gestação.
  • Controle de parasitas por meio de exames coproparasitológicos, manejo de pastagens e quarentena de novos animais.
  • Instalações limpas, piquetes funcionais e ambiente de baixo estresse.
  • A higiene e o controle de doenças impactam não apenas a prenhez, mas também a vitalidade do potro ao nascimento. A dieta das receptoras deve ser equilibrada e ajustada conforme a gestação avança:
  • Forragem de altíssima qualidade como base.
  • Suplementação com vitaminas, minerais e concentrados, principalmente no terço final.
  • Acesso irrestrito a água limpa e sal mineral.
  • Alimentação fracionada, evitando sobrecarga metabólica.
  • Minerais como cálcio e fósforo são fundamentais para o desenvolvimento fetal saudável. A receptora deve permanecer em ambiente seguro e bem manejado:
  • Piquetes amplos e exclusivos, com convivência controlada.
  • Exercícios leves diários para manter a saúde física.
  • Evitar atividades extenuantes, especialmente após a transferência.
  • Monitoramento diário de comportamento, apetite e sinais vitais.
  • Bem-estar reduz estresse, um dos maiores inimigos da manutenção da gestação. Após a transferência, o acompanhamento veterinário deve ser contínuo:
  • Ultrassonografias regulares para confirmar fixação, desenvolvimento embrionário e batimentos cardíacos.
  • Reavaliações periódicas da condição corporal e da saúde geral.
  • Ajustes dietéticos e sanitários ao longo dos meses.
  • O protocolo ideal prevê confirmação da gestação aos 90 dias, etapa decisiva para o sucesso final. A experiência dos maiores haras do país confirma: não existe embrião bom sem receptora excelente. Programas de Transferência de Embriões de alto desempenho dependem diretamente da qualidade, sanidade, temperamento e manejo dessas éguas. Quando todos os critérios são atendidos, as taxas de prenhez sobem, as perdas diminuem e o investimento retorna em forma de potros de elite, impulsionando a genética e a competitividade da equinocultura brasileira. As receptoras, muitas vezes pouco lembradas pelo público, são as verdadeiras guardiãs do futuro da raça — e o sucesso dos grandes criatórios começa exatamente por elas.
    Por: Redação

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