A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados apresentou um ofício ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitando abertura de investigação criminal e a possibilidade de prisão preventiva do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
O documento foi enviado nesta 4ª feira (29.out.2025), um dia depois da operação Contenção que resultou em mais de 120 mortes nos Complexos do Alemão e da Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo o documento, a operação policial apresenta fortes indícios de ter extrapolado parâmetros legais, de proporcionalidade e de respeito aos direitos humanos. Leia a íntegra (PDF-328kb).
“A magnitude dos fatos e o risco de reiteração de novas chacinas exigem resposta imediata das instituições democráticas“, afirmou o presidente do colegiado, Reimont (PT-RJ).
O ofício ainda menciona denúncias de execuções sumárias e graves violações ao direito à vida e à integridade física dos moradores das comunidades afetadas. “O Estado não pode agir como violador dos direitos que tem o dever de proteger”, destacou o deputado.
Além de Reimont, o documento é assinado por outros 8 deputados: Talíria Petrone (Psol-RJ), Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Tadeu Veneri (PT-PR), Luiz Couto (PT-PB), Glauber Braga (Psol-RJ), Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Entre os relatos recebidos pela comissão, constam informações de pessoas mortas com facadas e tiros pelas costas, o que reforça a necessidade de apuração pericial e criminal independente, solicitada pelos deputados. Outras requisições dos congressistas são a criação de um mecanismo de acompanhamento das vítimas e o rastreamento e inventário oficial das armas apreendidas na operação.
Nesta 4ª feira (29.out.2025) o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) classificou como um “sucesso” a megaoperação. “De vítima ontem, só tivemos esses 4 policiais, as verdadeiras vítimas”, afirmou em entrevista a jornalistas depois de reunião com autoridades de segurança pública.
O governador disse ter “tranquilidade” para defender a operação e afirmou que os confrontos foram em áreas de mata. “Não acredito que havia alguém passeando em área de mata em um dia de operação”, declarou.
Castro também criticou a ida ao Rio de Janeiro de políticos críticos da operação. Disse que não aceitará interferências políticas na condução da segurança pública do Estado e que só quem quiser “somar” será bem-vindo. “O governador deste Estado e nenhum secretário vai ficar respondendo ministro nem autoridade que queira transformar esse momento em batalha política”, declarou.
MEGAOPERAÇÃO
A operação Contenção foi deflagrada na 3ª feira (28.out) nos complexos do Alemão e da Penha, que reúnem 26 comunidades na zona norte do Rio. Entre as 121 vítimas do balanço oficial estão 4 policiais, incluindo o chefe da 53ª DP (Delegacia Policial de Mesquita), Marcus Vinicius. A ação teve como alvo a facção CV (Comando Vermelho).
A ação, que também contou com a participação de promotores do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), foi deflagrada depois de mais de 1 ano de investigação conduzida pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).
Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Isabella Luciano, sob a supervisão do editor Lucas Fantinatti.





