>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp “Em nome do Estado brasileiro, peço desculpas às famílias de todas as vítimas”, disse o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, após a aprovação da medida, cumprindo, dessa maneira, mais uma das determinações previstas na sentença da CIDH.“A medida evita os custos, a demora e a revitimização”, disse o órgão, em nota.
Sentença
A corte internacional é uma instituição judicial autônoma da Organização dos Estados Americanos (OEA) que tem o objetivo de aplicar e interpretar a Convenção Americana – também chamada de Pacto de San José da Costa Rica – que consiste em um tratado internacional sobre direitos e liberdades. O Brasil é um dos 20 países que reconhecem a competência da CIDH. Pela sentença internacional, o Estado brasileiro foi condenado a medidas como:- continuar com a investigação do desaparecimento;
- efetuar uma busca rigorosa do paradeiro deles;
- realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional;
- criar no bairro de Acari um espaço de memória;
- proporcionar atendimento médico e psicológico adequado às famílias;
- reparar financeiramente as vítimas;
- elaborar um estudo sobre a atuação de milícias e grupos de extermínio no Rio de Janeiro.
Relembre
Na sentença de dezembro, a CIDH descreve a dinâmica do crime ocorrido em 26 de julho de 1990, quando 11 moradores de Acari que estavam em um sítio em Magé, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, desapareceram. Segundo o relato, naquele dia, por volta das 23h, um grupo de aproximadamente seis homens encapuzados entrou na casa da avó de uma das vítimas e sequestrou Wallace Souza do Nascimento, Hedio Nascimento, Luiz Henrique da Silva Euzébio, Viviane Rocha da Silva, Cristiane Leite de Souza, Moisés dos Santos Cruz, Edson de Souza Costa, Luiz Carlos Vasconcellos de Deus, Hoodson Silva de Oliveira, Rosana de Souza Santos e Antonio Carlos da Silva. Os encapuzados disseram que eram agentes da polícia e exigiram dinheiro. Eles seriam integrantes dos Cavalos Corredores, um grupo de extermínio que operava na Favela de Acari e era composto por policiais. Desde então, não se sabe o paradeiro deles. A CIDH destaca que os jovens eram negros. Oito dos desaparecidos eram adolescentes com idades entre 13 e 18 anos. Até hoje, a maioria das famílias não obteve o direito à emissão das certidões de óbito das vítimas. Relacionadas
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