Brasil perdeu cerca de 94% da população de jumentos e espécie vive ameaçaO preço invisível do luxo O documento, intitulado “The Hidden Price of Luxury” (“O preço escondido do luxo”, em tradução livre), expõe como o couro que abastece a indústria da moda internacional pode ter origem em uma das regiões mais degradadas da floresta amazônica: o estado do Pará, conhecido por registrar altos índices de desmatamento e conflitos fundiários. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Segundo a investigação, o couro extraído de animais criados em fazendas irregulares no Pará é exportado para a Europa, especialmente para curtumes italianos como a Conceria Cristina e a Faeda. Esses estabelecimentos, por sua vez, processam o material e o repassam para grandes grifes, que o utilizam na confecção de bolsas, sapatos e acessórios de alto valor agregado. Rastreabilidade frágil e certificações sob suspeita O relatório também levanta sérias dúvidas sobre a eficácia dos sistemas de rastreamento usados pelas marcas. Muitas delas afirmam seguir critérios rígidos de sustentabilidade e rastreabilidade de seus insumos. No entanto, segundo a Earthsight, os sistemas adotados — como o certificado do Leather Working Group, um dos mais utilizados pela indústria — não garantem que o couro seja livre de desmatamento, já que não exigem que os curtumes consigam rastrear a origem do gado até a fazenda onde ele foi criado.
Chanel e Louis Vuitton são acusadas de usar couro ilegal da Amazônia, aponta relatório
Chanel, Louis Vuitton e outras marcas de luxo são citadas em investigação sobre uso de couro associado ao desmatamento ilegal na Amazônia, aponta ONG Earthsight
Chanel, Louis Vuitton e outras marcas de luxo são citadas em investigação sobre uso de couro associado ao desmatamento ilegal na Amazônia, aponta ONG Earthsight Uma denúncia da organização britânica Earthsight trouxe à tona uma conexão perturbadora entre a indústria da moda de luxo e a destruição ambiental na Amazônia brasileira. Marcas consagradas mundialmente, como Louis Vuitton, Chanel, Coach, Fendi e Hugo Boss, foram citadas em um extenso relatório por supostamente utilizarem couro proveniente de fazendas de gado associadas ao desmatamento ilegal e à violação de territórios indígenas no Brasil. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp
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Foto: Divulgação Essa lacuna permite que o couro de animais criados em áreas desmatadas ilegalmente entre na cadeia produtiva sem qualquer impedimento. A Chanel, por exemplo, anunciou ter rompido relações com o curtume Faeda, alegando “perda de confiança no sistema de rastreabilidade” utilizado pelo fornecedor. Grifes se manifestam, mas investigação aponta contradições Mesmo com as evidências reunidas pela ONG, algumas das marcas citadas negaram à Earthsight que utilizam couro de origem brasileira. No entanto, documentos alfandegários, registros de transporte e outros dados levantados pela investigação contradizem essas declarações. Empresas como Fendi e Hugo Boss afirmaram ter iniciado investigações internas para verificar a veracidade das acusações. Já a Coach, marca norte-americana do grupo Tapestry, estaria comprando couro de um matadouro associado diretamente a fazendas localizadas em áreas desmatadas da Amazônia.
Impacto ambiental e social Além do dano ambiental causado pela derrubada de florestas para expansão da pecuária, o relatório chama atenção para a violação de direitos territoriais de comunidades indígenas e tradicionais. Muitas das fazendas apontadas pela Earthsight operam em áreas disputadas ou em regiões onde há presença de povos originários, sem o devido consentimento dessas comunidades. A prática contribui para o avanço da grilagem de terras, o aumento da violência no campo e a degradação irreversível de ecossistemas essenciais para o equilíbrio climático global. Contraste com a COP30 A denúncia ganha ainda mais relevância ao se considerar que Belém (PA), cidade próxima às áreas mencionadas no relatório, será a sede da COP30 — a próxima Conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas, marcada para novembro de 2025. A escolha da capital paraense como anfitriã do evento internacional tem o objetivo de destacar o papel central da Amazônia na agenda ambiental global. No entanto, o relatório da Earthsight escancara a incoerência entre o discurso internacional de preservação ambiental e a realidade local, onde cadeias produtivas globais continuam incentivando práticas predatórias.
Luxo a qualquer custo? A investigação reforça um alerta que vem sendo feito há anos por ambientalistas e lideranças indígenas: sem transparência real e compromisso efetivo, os compromissos ambientais anunciados por grandes marcas acabam sendo apenas uma fachada. O uso de couro ligado ao desmatamento e à grilagem mostra que, por trás do brilho das vitrines e passarelas, ainda há uma cadeia de produção marcada por violações socioambientais. A Earthsight encerra o relatório cobrando que as empresas adotem métodos de rastreamento confiáveis e auditáveis, capazes de rastrear a origem do couro até o local de criação do gado. O objetivo é pressionar o setor de moda de luxo a assumir um papel mais responsável na conservação dos biomas tropicais e na defesa dos direitos humanos. Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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Por: Redação