• Sábado, 28 de junho de 2025

Associação de delegados defende presença da Polícia Federal na Abin

Entidade classificou como “inadmissível e desleal” o que seriam ataques para desqualificar a atuação de delegados.

A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) divulgou nesta 6ª feira (27.jun.2025) uma nota de repúdio contra as manifestações da Intelis (União dos Profissionais de Inteligência de Estado), que tenta barrar a presença de delegados de PF (Polícia Federal) em cargos estratégicos na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Leia a íntegra (PDF – 92 kB).

A associação reagiu à decisão da Intelis de entrar  com uma ação judicial para afastar o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa —delegado federal aposentado e mantido no cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo após ter sido indiciado por obstrução de Justiça no caso da “Abin Paralela”.

Em nota, a ADPF disse ser “inadmissível e desleal que a carreira seja alvo de ataques imprudentes que buscam diminuir suas competências e atribuições”. A associação criticou as ações alegando que a decisão é “marcada por generalizações indevidas” e que desconsidera a “experiência consolidada dos delegados federais no exercício de funções de elevada complexidade”.

Segundo a PF, Corrêa teria tentado atrapalhar as investigações sobre o caso da “Abin Paralela”. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-diretor da agência e deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), também foram indiciados.

A principal crítica dos funcionários da Abin é colocar a gestão da agência nas mãos da PF mesmo depois de “escândalos” protagonizados por policiais da corporação em gestões anteriores. Luiz Fernando Corrêa foi nomeado diretor-geral da Abin em 30 de maio de 2023, já no governo Lula.

A Intelis já havia cobrado a saída de Corrêa em nota divulgada na 3ª feira (17.jun).

A entidade afirma que o próprio diretor afastou do cargo trabalhadores da Abin citados nas investigações. “Pela mesma lógica, não pode ele próprio se manter no cargo máximo da agência, com poderes para seguir incorrendo nos alegados crimes”, declarou.

A Intelis afirmou ter alertado o governo sobre o “absurdo de se impor” uma gestão de delegados da PF à frente da instituição mesmo depois de “escândalos” protagonizados por policiais da corporação em gestões anteriores.

“Vale lembrar que o delegado Ramagem foi impedido de assumir o cargo de diretor-geral da Polícia Federal no governo anterior, mas pôde retornar para reassumir a Direção-Geral da Abin. […] É absurdo sequer cogitar a permanência da atual direção e a continuidade do processo de definhamento e desmonte da Inteligência de Estado”, disse.

Leia a íntegra da nota de repúdio da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal): 

“A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) manifesta seu veemente repúdio às manifestações e pressões indevidas por parte da União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis), que busca questionar a presença de Delegados de Polícia Federal em funções estratégicas na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob a alegação infundada de que tais cargos não deveriam ser ocupados por integrantes da referida carreira. É inadmissível e desleal que a carreira seja alvo de ataques imprudentes que buscam diminuir suas competências e atribuições.

“Trata-se de uma narrativa equivocada, marcada por generalizações indevidas, que desconsidera o preparo técnico, a qualificação jurídica e a experiência consolidada dos Delegados Federais no exercício de funções de elevada complexidade, tanto investigativa quanto de gestão. Esses profissionais têm contribuído decisivamente para a formulação e execução de políticas públicas, com reconhecida competência em diversas esferas da Administração Pública, inclusive no campo da inteligência de Estado.

“Delegadas e Delegados Federais atuam com excelência em posições de liderança em órgãos federais, estaduais e internacionais. O atual Secretário-Geral da Interpol, oriundo da Polícia Federal brasileira, é exemplo incontestável da projeção e do prestígio da carreira no cenário global. Igualmente, é expressiva a presença de Delegados Federais à frente de Secretarias de Segurança Pública e cargos estratégicos nos governos federal, estadual e no Distrito Federal. 

“A ADPF reafirma seu compromisso com a defesa intransigente da valorização e do respeito às prerrogativas da carreira, rechaçando qualquer tentativa de desqualificação institucional de seus membros, especialmente quando baseada em críticas que ignoram a competência e a contribuição concreta desses profissionais. Continuaremos atentos e atuantes na preservação do espaço legítimo ocupado por Delegados Federais no fortalecimento das instituições do Estado brasileiro”.

Por: Poder360

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