Veja como a imunocastração transforma a carne suína e evita o ‘mau cheiro’
A castração de machos é um dos fatores essenciais na produção de carne suína de qualidade, uma prática fundamental para evitar o chamado "odor sexual"; veja como funciona a imunocastração
A castração de machos é um dos fatores essenciais na produção de carne suína de qualidade, uma prática fundamental para evitar o chamado “odor sexual”; veja como funciona a imunocastração Por Vários Autores* – No ano de 2024, o Brasil que segue sendo o quarto maior produtor de carne suína do mundo, perdendo apenas para China, União Europeia e Estados unidos, produziu 5,305 milhões de toneladas de carne suína, atendendo a uma demanda per capita de 18,6 kg de carne por habitante. Teve um total de 46,6 milhões de cabeças abatidas. Os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os maiores produtores de suínos do país. Juntos, os três são responsáveis por 90,4% da produção nacional (ABPA, 2025). Diante desse volume expressivo de produção e consumo, cresce a preocupação com a qualidade da carne oferecida ao mercado. Nesse contexto, um dos fatores centrais na produção de carne suína de qualidade é a castração de machos, uma prática fundamental para evitar o chamado “odor sexual” – um defeito sensorial que provoca rejeição por parte dos consumidores. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp Esse odor desagradável é causado principalmente por duas substâncias: a androstenona e o escatol. O escatol é produzido no intestino de todos os sexos através da fermentação bacteriana do triptofano, é excretado nas fezes. Já a androstenona é produzida nos testículos, possui uma estrutura similar a testosterona e atua como ferormônio. Juntos escatol e androstenona se acumulam no tecido adiposo de machos inteiros e são liberadas durante o preparo da carne. Por esse motivo, a castração de suínos machos é obrigatória no Brasil, conforme o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). window._taboola = window._taboola || [];
_taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Tradicionalmente, essa prática era realizada por meio da castração cirúrgica. O procedimento, geralmente feito entre o terceiro e o décimo segundo dia de vida do leitão, consiste em incisões no escroto para remoção dos testículos por tração, com posterior desinfecção da região (Embrapa, 2021). No entanto, por ser realizada comumente sem anestesia, essa técnica tem sido cada vez mais questionada sob a ótica do bem-estar animal. Além da dor e do estresse causados ao animal, há também o risco de infecções e complicações pós-operatórias, o que compromete a saúde e o desempenho produtivo dos suínos. Como alternativa a esse método invasivo, a imunocastração tem se consolidado como uma solução eficaz e ética. Trata-se de uma vacina aplicada por via subcutânea, na base do pescoço, com duas doses administradas com pelo menos quatro semanas de intervalo. O protocolo ideal recomenda que a primeira dose seja aplicada oito semanas antes do abate, e a segunda, quatro semanas antes. ![como a imunocastracao transforma a carne suina]()
Foto: Zoetis O princípio ativo da imunocastração atua estimulando o sistema imune a produzir anticorpos específicos que bloqueiam o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), inibindo a produção de esteroides testiculares, como a androstenona, e, consequentemente, eliminando os odores indesejáveis. Além disso, a imunocastração promove alterações fisiológicas que reduzem comportamentos agressivos entre os animais, o que contribui para um ambiente de criação mais estável e seguro. Para assegurar a eficácia do processo, é essencial inspecionar os animais cerca de duas semanas após a segunda dose, observando sinais como a redução do volume testicular (visto que testículos funcionais possuem elevadas concentrações de androstenona e escatol) e a ausência de comportamentos sexuais ou agressivos. A vacina possui uma duração de 2 a 8 semanas após a segunda dose, garantindo que os animais estejam livres do odor de macho inteiro. Em caso de dúvida sobre a efetividade da vacinação em algum animal, recomenda-se a revacinação.
Nos frigoríficos, também é realizada uma avaliação do odor da carne suína, conhecida como teste de cocção. Esse procedimento consiste em aquecer uma amostra da carne e analisar o cheiro liberado durante o cozimento. Essa análise sensorial contribui para garantir a segurança e a qualidade do produto destinado ao consumo. Nos frigoríficos, também é realizada uma avaliação do odor da carne suína, conhecida como teste de cocção. Esse procedimento consiste em aquecer uma amostra da carne e analisar o cheiro liberado durante o cozimento. Essa análise sensorial contribui para garantir a segurança e a qualidade do produto destinado ao consumo. ![vivax zoetis imunocastracao]()
Foto: Zoetis Além de controlar os aspectos sensoriais da carne, a imunocastração tem se destacado por seus benefícios adicionais: melhora significativa no bem-estar dos animais, aumento no ganho de peso diário e maior eficiência na conversão alimentar. Estudos demonstram que os machos imunocastrados mantêm desempenho zootécnico superior ao dos animais castrados cirurgicamente, refletindo em ganhos econômicos para o produtor. A imunocastração representa um avanço significativo para a suinocultura moderna, aliando qualidade do produto final, respeito ao bem-estar animal e eficiência produtiva. À medida que a cadeia produtiva busca atender a consumidores mais exigentes, preocupados com a origem e os métodos de produção dos alimentos que consomem, práticas sustentáveis e eticamente responsáveis como essa tendem a se tornar o novo padrão da indústria. Autores: Bárbara Virgínia Ferraz Dutra Torres, Marcos Túlio Preciozo, Ana Paula Cardoso Gomide, Marco Antônio Pereira da Silva. Referências bibliográficas com os autores
Por: Redação