• Quinta-feira, 16 de outubro de 2025

PF investiga fábricas clandestinas de bebidas em 5 estados

Operação Alquimia fiscaliza 24 empresas do setor sucroalcooleiro depois de casos de intoxicação por metanol em bebidas. Leia no Poder360

A PF (Polícia Federal) realiza nesta 5ª feira (16.out.2025) uma operação em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina para fiscalizar 24 empresas do setor sucroalcooleiro suspeitas de falsificarem bebidas alcoólicas.

A ação foi deflagada na esteira do combate aos casos de intoxicação por metanol no Brasil. É realizada em parceria com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e o Ministério da Agricultura e Pecuária.

As equipes coletam e analisam amostras das bebidas para verificar sua regularidade. O objetivo é ampliar a capacidade de identificação de irregularidades na produção e coibir a fabricação clandestina.

Os resultados servirão de base para determinar quais empresas estão envolvidas na adulteração das bebidas. A PF apura se todas as 24 companhias fiscalizadas participam do esquema.

Em São Paulo, as fiscalizações são realizadas em Laranjal Paulista, Guarulhos, Suzano, Araçariguama, Sumaré, Cotia, Limeira, Jandira, Arujá, Cerqueira César, Morro Agudo, Avaré e Palmital.

No Paraná, as equipes atuam em Colombo, Paranaguá e Araucária. Em Mato Grosso do Sul, os alvos estão em Dourados e Campo Grande. Já em Mato Grosso e Santa Catarina, as ações se dão em Várzea Grande e Cocal do Sul, respectivamente.

A operação Alquimia é uma continuidade das investigações iniciadas em setembro, depois dos primeiros casos de intoxicação por metanol no país.

Até a 4ª feira (15.out), o Ministério da Saúde confirmou 41 casos de intoxicação por ingestão de metanol e 8 mortes associadas ao consumo das bebidas contaminadas. Há ainda 107 casos suspeitos em investigação.

São Paulo concentra 33 casos e 6 mortes; o Paraná tem 4 casos confirmados; Pernambuco, 3; e o Rio Grande do Sul, 1 caso confirmado e 2 mortes.

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais.

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

Por: Poder360

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