O líder do PL na Câmara e deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ) passou a tarde desta 6ª feira (17.out.2025) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto de 2025. O congressista disse que pode apresentar “kit de obstrução” para impedir votação da LDO e orçamento para 2026 caso o governo não pague as emendas impositivas devidas ao partido PL.
Segundo o deputado, o PL tem R$ 1,166 bilhão em emendas impositivas não pagas referentes ao Orçamento de 2023 para 2024. Do Orçamento de 2024 para 2025, disse Sóstenes, cerca de 67% das emendas impositivas da bancada permanecem sem pagamento.
Emendas impositivas são recursos que deputados e senadores destinam para obras e projetos em suas bases eleitorais. As impositivas têm execução obrigatória pelo governo federal, exceto em casos de impedimento técnico ou restrições orçamentárias.
“A continuar dessa forma, o governo não dando nenhuma resposta, nós vamos para a sessão do Congresso apresentar um kit de obstrução“, afirmou Sóstenes.
O líder do PL disse ter conversado sobre o tema com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mas que não está de acordo com a forma que o assunto tem sido tratado no Congresso Nacional. Para o líder a solução será a obstrução. “A gente tem que obstruir o máximo possível e não votar nenhuma LDO e orçamento para o próximo ano“, declarou o deputado.
A LDO é a Lei de Diretrizes Orçamentárias, norma que estabelece as metas e prioridades da administração pública federal para o ano seguinte. Orienta a elaboração do Orçamento e deve ser aprovada pelo Congresso Nacional antes do recesso parlamentar.
Sóstenes também disse que outra razão para obstruir é o que chamou de “falas públicas vergonhosas” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o Congresso Nacional. Lula disse nesta 4ª feira (15.out.2025) que o Congresso Nacional “nunca teve a qualidade de baixo nível” como tem agora. A declaração foi feita durante evento pelo Dia dos Professores no Rio de Janeiro, com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, no palco.
“É inadmissível o governo federal tratar o Congresso Nacional da forma que vem tratando. Inclusive com falas públicas vergonhosas do presidente da República, atacando o Congresso Nacional, esquecendo que é uma instituição democrática eleita e que ele deve respeitar a vontade popular daqueles que estamos ali legitimamente eleitos“, disse Sóstenes.
O deputado afirmou que esse tipo de fala tem esgarçado a relação entre Executivo e Legislativo e que o partido dará a resposta com uma obstrução de votações na câmara.
Durante a visita a Bolsonaro, Sóstenes também abordou outros assuntos: o líder afirmou que Bolsonaro quer Michelle como candidata ao Senado para protegê-la de um possível cargo no Executivo nas eleições de 2026. Segundo ele, quem consegue posição no Executivo enfrenta “perseguição judicial“.
O deputado também falou com Bolsonaro sobre a possível indicação do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao assento do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, que deixa a cadeira do STF nesta 6ª feira (17.out). O deputado afirmou que embora evangélico, Messias “não representa a maioria dos evangélicos” e que ele é “petista“.
Esta é a 2ª visita do líder a Bolsonaro desde o início do confinamento. A 1ª vez foi em 22 de setembro. Sóstenes chegou às 14h55 e deixou o condomínio onde mora Bolsonaro às 18h.
Assista à fala aos jornalistas na íntegra (29m37s):