Sanidade avícola: dos primórdios aos tempos modernos
A galinha, por ser uma fonte de proteína de baixo custo e de fácil criação, passou a ser vista como uma alternativa viável para atender a demanda por alimentos de origem animal
A galinha, por ser uma fonte de proteína de baixo custo e de fácil criação, passou a ser vista como uma alternativa viável para atender a demanda por alimentos de origem animal Por Vários Autores* – A avicultura é uma das atividades mais antigas do mundo. Sua criação teve início há milhares de anos, de forma rústica e em pequena escala, como uma prática familiar voltada à subsistência. Nessa fase inicial, não havia preocupação com doenças nem com a produção de carne e ovos em larga escala. As aves eram criadas soltas em propriedades rurais e, por vezes, até em áreas urbanas, principalmente para o controle de insetos. Expostas a doenças e predadores, sua mortalidade era considerada natural, já que não se conheciam agentes infecciosos, parasitas ou os efeitos das condições ambientais adversas. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp Sem qualquer melhoramento genético, a seleção das aves ocorria por pressão natural, apenas as mais resistentes sobreviviam e se reproduziam, mantendo o plantel das famílias. window._taboola = window._taboola || [];
_taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});![sanidade avicola dos primordios aos tempos de hoje]()
Fonte: Autor Acima, comparação entre sistemas de criação avícola. À esquerda, sistema tradicional com aves soltas, caracterizado por baixa densidade e ausência de controle sanitário estruturado. À direita, sistema intensivo com granja comercial moderna, destacando alta densidade populacional, alimentação automatizada e necessidade de protocolos rigorosos de biosseguridade. Com o crescimento populacional e a urbanização, especialmente a partir do século XIX, houve um aumento significativo na demanda por alimentos de origem animal. A galinha, por ser uma fonte de proteína de baixo custo e de fácil criação, passou a ser vista como uma alternativa viável para atender a essa necessidade. Foi então que surgiram as primeiras iniciativas comerciais voltadas à criação de aves, sobretudo galinhas. Rapidamente se percebeu que a seleção natural e as elevadas perdas de animais não seriam compatíveis com a produção em larga escala. Além disso, começaram a se evidenciar os problemas sanitários, com surtos de doenças que comprometiam a viabilidade econômica das criações. O conhecimento científico da época ainda era limitado, e, na ausência de manejos sanitários adequados, as soluções eram rudimentares: eliminar aves doentes, isolá-las até a melhora (ou óbito), realizar limpezas simples nos galinheiros e evitar o acúmulo excessivo de animais no mesmo espaço. Diante desse cenário, tornou-se evidente a necessidade de estudos voltados à produção animal, especialmente nas áreas de sanidade, ambiência e nutrição. Por volta da Segunda Guerra Mundial, a avicultura passou por uma revolução: surgiram os primeiros sistemas intensivos de produção, com granjas comerciais que criavam milhares de aves em ambiente controlado.Isso só foi possível com avanços na genética, nutrição e manejo. No entanto, o adensamento populacional e o estresse causado pelo alto desempenho produtivo trouxeram novos desafios sanitários. Doenças como salmonelose, Marek, coccidiose, Gumboro, bronquite infecciosa, coriza e pasteurelose tornaram-se comuns.
A resposta veio com o rápido desenvolvimento científico e tecnológico. Foram criadas vacinas eficazes, introduzido o uso de antibióticos e anticoccidianos, dessa forma, elaborou-se programas de vacinação e protocolos de tratamento. Também surgiram os primeiros conceitos de biosseguridade, com práticas como: controle de acesso às áreas de produção, restrição ao trânsito de pessoas e veículos, manejo adequado da cama, higienização de instalações, vazio sanitário, controle de pragas, monitoramento da água e alimentação e descarte adequado de aves mortas. No Brasil, um marco importante foi a criação, em 1994, do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), o primeiro plano sanitário avícola do mundo voltado à erradicação, controle e prevenção de doenças de interesse público. Com o PNSA, o país abriu portas para a exportação de carne de frango, agregando valor e garantindo qualidade aos produtos nacionais, tornando-se um dos maiores exportadores do mundo. A sanidade avícola no passado foi marcada por inúmeros desafios, mas também por grandes avanços. O PNSA evoluiu ao longo dos anos, alinhando-se às normas internacionais e assegurando a certificação sanitária do plantel brasileiro. A implementação de boas práticas de biossegurança e o desenvolvimento de tecnologias para monitoramento ambiental contribuíram para reduzir riscos sanitários. A sanidade avícola no passado foi marcada por inúmeros desafios, mas também por grandes avanços. O PNSA evoluiu ao longo dos anos, alinhando-se às normas internacionais e assegurando a certificação sanitária do plantel brasileiro. A implementação de boas práticas de biossegurança e o desenvolvimento de tecnologias para monitoramento ambiental contribuíram para reduzir riscos sanitários. ![Sistema de criação de matrizes de corte pesada com linha de ninho manual (esquerda) e ninhos mecânicos (direita). Fonte: Autor]()
Sistema de criação de matrizes de corte pesada com linha de ninho manual (esquerda) e ninhos mecânicos (direita). Fonte: Autor Apesar dos avanços, o adensamento ainda impõe desafios, com abates por salmonela e o surgimento de novas cepas de vírus, como as da bronquite infecciosa e reovírus. Atualmente, a avicultura é uma atividade altamente tecnificada, com foco na eficiência produtiva, buscando-se, por exemplo, baixo consumo de ração por ovo e alta conversão alimentar para ganho de peso. Contudo, a sanidade permanece como um pilar essencial, pois é a principal barreira para a comercialização internacional de carne e derivados, sendo também um dos fatores que sustentam o custo competitivo da proteína avícola brasileira.
Por: Redação