• Sábado, 7 de junho de 2025

Pesquisadores criam nova técnica que pode avançar na cura do HIV

Com resultados promissores em testes em laboratório, os pesquisadores querem realizar estudo em humanos com HIV

Pesquisadores da Austrália, Estados Unidos e Holanda desenvolveram uma nova tecnologia para combater o , causador da aids. A técnica é baseada em mRNA, a mesma utilizada nas vacinas contra a Covid-19, e renova as esperanças sobre a possibilidade de cura para a doença. Em um artigo científico publicado na , em maio, os cientistas explicam que a técnica reativa o HIV latente, que permanece adormecido no corpo do paciente mesmo após o tratamento com antirretrovirais, para combatê-lo. Leia também Atualmente, Mesmo com a carga viral indetectável no sangue, o HIV continua escondido dentro das células T CD4+ do sistema imunológico. Isso impede que a imunidade natural do organismo ou medicamentos destruam o vírus. Assim, se o tratamento foi interrompido, ele volta a se multiplicar. “Como pesquisadores da cura do HIV, nosso objetivo tem sido atingir o vírus onde ele se esconde. Programamos o mRNA para dizer às células infectadas para ‘entregar’ o vírus e torná-lo visível. Mas o desafio foi fazer com que o mRNA entrasse nessas células”, explica a coautora do estudo, Paula Cevaal, da Universidade de Melbourne (Austrália), em comunicado à imprensa. Como funciona a tecnologia Os cientistas utilizaram nanopartículas lipídicas – pequenas cápsulas de gordura – para transportar o RNA mensageiro (mRNA) até as células infectadas. O mRNA implantado contém instruções para a produção da proteína Tat, essencial para a atividade do HIV. A proteína age como um “interruptor”, reativando o vírus nas células. Quando o vírus é “acordado”, ele se torna visível ao sistema imune ou terapias adicionais, aumentando a possibilidade das células infectadas serem destruídas. 13 imagens A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas
O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
 
Fechar modal. 1 de 13 HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. O causador da aids ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida Arte Metrópoles/Getty Images 2 de 13 A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids Anna Shvets/Pexels 3 de 13 Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico Hugo Barreto/Metrópoles 4 de 13 O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas iStock 5 de 13 O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais iStock 6 de 13 Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Hugo Barreto/Metrópoles 7 de 13 A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos Arthur Menescal/Especial Metrópoles 8 de 13 O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus Arthur Menescal/Especial Metrópoles 9 de 13 Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus spukkato/iStock 10 de 13 O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses iStock 11 de 13 O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais Joshua Coleman/Unsplash 12 de 13 Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV iStock 13 de 13 É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo Keith Brofsky/Getty Images Outra abordagem testada pelos pesquisadores foi a tecnologia CRISPR, geralmente usada para “cortar” genes. No caso da aids, no entanto, ela foi adaptada para ativar o DNA viral do HIV sem nenhum corte. Embora tenha sido menos eficaz que a proteína Tat, a CRISPR conseguiu agir apenas contra os genes-alvo, sem prejudicar os saudáveis. Limitações do estudo e próximos passos Os testes foram realizados em laboratório com células do sangue de pessoas infectadas com HIV. Apesar dos resultados promissores, a técnica não eliminou o vírus, mas conseguiu reativá-lo com sucesso. O resultado sugere que a estratégia tem potencial, “É importante ressaltar que esta descoberta pode ter implicações mais amplas além do HIV. Os glóbulos brancos onde o vírus se esconde também estão envolvidos em outras doenças, incluindo alguns tipos de câncer e doenças autoimunes”, afirma o coautor Michael Roche, da Universidade de Melbourne. Agora, os pesquisadores querem testar a nova tecnologia em animais e em ensaios clínicos com humanos para a avaliação da segurança a longo prazo e a viabilidade de aplicação em larga escala. Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

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