Cargas de bebidas alcoólicas brasileiras, como espumantes e conhaques, estão sendo recusadas por importadores estrangeiros em razão dos casos de contaminação por metanol no Brasil, segundo o Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários). Ainda não há restrições oficiais impostas por outros países.
A decisão tem como base as intoxicações por metanol registradas em diferentes Estados brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, são 24 casos e 5 mortes confirmados até o momento. Investigações indicam que fabricantes clandestinos adicionam essa substância a bebidas destiladas para diminuir os custos de produção.
A extensão total do impacto no mercado exportador brasileiro e o número de países que estão rejeitando produtos nacionais não foram divulgados.
A adulteração acontece fora do sistema oficial de fiscalização. Só em São Paulo, o setor de bebidas e alimentos ilegais movimentou cerca de R$ 662 milhões em 2024.
Em relação aos destilados, as bebidas falsificadas atingem 36% do mercado, segundo a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo). O levantamento, divulgado em abril, afirma que em 2024 houve um aumento de 9% na comercialização ilegal em comparação a 2023. Leia a íntegra do estudo (PDF – 1.799 kB).
O presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, afirma que há a necessidade de fortalecimento dos mecanismos públicos de controle.
“É preciso investir continuamente em ações de inteligência e no fortalecimento da inspeção pública para que situações dessa gravidade não se repitam. Os profissionais que atuam no Vigifronteira (Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária para Fronteiras Internacionais) atuam com inteligência e em parceria com autoridades policiais e também carecem de investimentos em recursos humanos e estrutura para um trabalho ainda mais eficaz”.
Os incidentes têm sido documentados nas últimas semanas em várias regiões do país. O metanol, quando consumido, transforma-se no organismo em substâncias que provocam lesões graves no sistema nervoso, podendo causar cegueira permanente ou morte.
