• Domingo, 5 de outubro de 2025

Novo shutdown leva Trump a reviver impasses do primeiro mandato

Novo shutdown nos EUA é o segundo de Trump, com diferenças em relação a 2018 e cenário diplomático delicado

O novo que atinge os Estados Unidos desde quarta-feira (1º/10) escancara fragilidades políticas do novo mandato de reacendendo memórias da paralisação de 2018. À época, o republicano travou o funcionamento do Estado ao insistir em verbas para o muro na fronteira com o México — promessa de campanha que virou símbolo de sua política migratória. Agora, em seu segundo mandato, ele repete o “modus operandi”, em um cenário diplomático delicado. Esta é a 15ª paralisação desde 1981 e a segunda sob o comando de Trump. O bloqueio orçamentário já deixou 750 mil servidores públicos sem remuneração e paralisou serviços não essenciais em todo o país. Parques nacionais foram fechados, atrasos em voos começaram a ser registrados e agências governamentais operam sob planos de contingência. Linha do tempo comparativa 2018-2019: Trump exige verbas para o muro que separa EUA do México; shutdown dura 35 dias (o mais longo da história), deixando 800 mil servidores sem salário e prejuízo de US$ 3 bilhões. 2025: Impasse sobre saúde e programas sociais paralisa governo; 750 mil servidores sem remuneração, em meio a guerras no exterior e cortes internos. O que é shutdown Nos Estados Unidos, o termo shutdown se refere à paralisação parcial do governo federal quando o Congresso não aprova o orçamento. Sem a liberação de recursos, muitos departamentos e agências ficam impossibilitados de operar normalmente. Nesse cenário, apenas os serviços considerados essenciais seguem em funcionamento, como defesa nacional, hospitais e forças armadas. Já setores não essenciais — incluindo museus, parques, serviços administrativos e parte do funcionalismo público — têm suas atividades suspensas temporariamente. Os servidores afetados podem ser afastados ou obrigados a trabalhar sem garantia de pagamento imediato, ampliando os efeitos não só econômicos, mas também sociais da paralisação. Leia também De 2018 a 2025: o que mudou Em dezembro de 2018, Trump exigiu US$ 5,7 bilhões adicionais para financiar a construção do muro que separaria Estados Unidos e México. O objetivo era conter, conforme a defesa do republicano, a imigração ilegal. Sem acordo com a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o governo entrou em shutdown. Agora o novo cenário escancara outro debate. Democratas condicionam a aprovação do orçamento à manutenção de programas de assistência médica, enquanto republicanos defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados separadamente. O tema se conecta diretamente ao cotidiano de milhões de americanos e torna o custo político do bloqueio ainda maior. Ao Metrópoles, o jornalista e observador da Casa Branca Fernando Hessel avaliou que Trump revive erros do passado, mas agora em ambiente político ainda mais delicado. “Em 2018, o shutdown foi provocado pela obsessão de Trump pelo muro na fronteira com o México. Agora o impasse é em torno da saúde e de programas sociais, que atingem milhões de americanos. Só que hoje a situação é ainda mais grave. São dias que geram prejuízos à economia americana e o que se vê em Washington é uma mesa de debate transformada em memes e chacotas.” Para Hessel, a diferença central entre 2018 e 2025 é que, na época, havia espaço para negociação, enquanto hoje o país enfrenta múltiplas pressões internas e externas. “Além da diferença entre o shutdown anterior e o atual, é preciso dizer que o ambiente político naquela época ainda era menos conturbado do que hoje. Agora temos várias frentes que complicam esse tabuleiro: uma carnificina prestes a acontecer em Gaza, a guerra da Ucrânia se intensificando e, dentro dos próprios Estados Unidos, cortes em saúde, alimentação e em plena temporada de furacões.” table visualization   Imagem de “presidente da paz” em risco Trump tem buscado se consolidar como “presidente da paz”, apresentando-se como mediador nos conflitos do Oriente Médio e na guerra da Ucrânia. No entanto, a sua dificuldade em lidar com sua própria máquina governamental pode enfraquecer sua autoridade no cenário geopolítico. Sem prazo para terminar Se em 2019 Trump acabou cedendo para reabrir o governo, agora o desfecho parece ainda mais incerto. Democratas se mostram firmes em sua posição e apostam no fortalecimento de sua imagem como defensores de programas sociais, enquanto republicanos insistem em atribuir a paralisação ao que chamam de “chantagem democrata”. Enquanto o impasse se prolonga, cresce a pressão econômica, política e diplomática sobre a Casa Branca. 4 imagens O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em discurso na ONUO presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de QuanticoFechar modal. 1 de 4 O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, em 30 de setembro de 2025, em Quantico, Virgínia Alex Wong/Getty Imagens 2 de 4 Stringer/Anadolu via Getty Images 3 de 4 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em discurso na ONU ONU/Reprodução 4 de 4 O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico Andrew Harnik/Getty Images
Por: Metrópoles

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