• Sábado, 4 de outubro de 2025

Ministério da Saúde envia antídoto de metanol a 5 Estados

Foram distribuídas 580 ampolas de etanol farmacêutico; país soma 195 notificações e 13 mortes em investigação.

O Ministério da Saúde iniciou neste sábado (4.out.2025) a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol. A 1ª remessa enviada contempla 5 Estados, que haviam solicitado reforço de estoque: Pernambuco (240 ampolas), Paraná (100), Bahia (90), Distrito Federal (90) e Mato Grosso do Sul (60).

A ação integra o plano emergencial do governo federal diante da onda de intoxicações por bebidas adulteradas registrada nas últimas semanas. As entregas estão sendo feitas em articulação com as secretarias estaduais de saúde.

Segundo o ministro Alexandre Padilha, já foram entregues 4.300 ampolas ao SUS e uma nova compra de 12.000 unidades de etanol farmacêutico e 2.500 de fomepizol foi autorizada.

Até as 16h deste sábado (4.out), o ministério havia recebido 195 notificações de intoxicação por metanol: 14 casos confirmados e 181 em investigação. Há 13 óbitos notificados, sendo 1 confirmado em São Paulo e outros 12 em apuração (7 em SP, 3 em PE, 1 na BA e 1 no MS). Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Piauí registraram os primeiros casos suspeitos.

Para reforçar o diagnóstico, a RNLVisa (Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária) mobilizou 3 unidades para análises imediatas: o Lacen-DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o INCQS/Fiocruz.

A Anvisa também mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico em todas as capitais, enquanto sete fornecedores internacionais foram identificados para garantir o abastecimento de fomepizol.

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais.

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

Por: Poder360

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