• Terça-feira, 9 de setembro de 2025

"Não precisamos de intervenções estrangeiras", diz Lula na Amazônia

O petista participou da inauguração de Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta 3ª feira (9.set.2025) que o Brasil não precisa de ajuda externa ou interferência para proteger a Amazônia. Em seu discurso na inauguração do Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, o petista afirmou que o crime organizado ocupa os espaços deixados pelo Estado.

“É a 1ª vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem, no mesmo espaço físico, em torno de um objetivo comum. Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções”, declarou ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Colômbia Humana, esquerda).

Os políticos foram a Manaus para a inauguração do novo centro. A unidade deve promover a colaboração entre os 9 países amazônicos e os 9 Estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal no enfrentamento de crimes ambientais, tráfico de entorpecentes, de armas e de pessoas na região.

A estrutura tem investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e gerido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A ideia é funcionar como núcleo de inteligência e cooperação policial.

Enquanto Petro foi duro ao comparar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Adolf Hitler (1889-1945) e a criticar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), por ameaçar a Venezuela, Lula não citou ninguém diretamente. O petista se limitou a ler seu discurso.

Leia a íntegra do discurso de Lula:

“O Centro de Cooperação Policial Internacional que inauguramos hoje, com a ilustre presença do presidente Gustavo Petro, é uma iniciativa condizente com o tamanho e a importância da Amazônia.

“Há duas semanas, estive no Acre e em Rondônia para anunciar uma série de investimentos nesses Estados.

“Também viajei a Bogotá para participar da Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, a OTCA.

“Dentro de 3 meses, estarei em Belém para participar da COP30, a conferência multilateral que definirá o futuro do planeta.

“Sobrevoar a imensidão verde da floresta é dar-se conta da escala extraordinária de tudo o que diz respeito à Amazônia.

“São milhões de km² de extensão, milhões de m³ de água, milhões de espécies de animais e plantas e milhões de habitantes.

“Dessa monta são os desafios que a região enfrenta.

“E da mesma magnitude tem de ser nosso esforço para superá-los.

“Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos para além das fronteiras nacionais.

“Trata-se de verdadeiras multinacionais do crime, que estão embrenhadas nos órgãos públicos, nas empresas e em diversos setores da sociedade, com conexões dentro e fora do país.

“Por isso, ampliamos nossa rede de adidâncias da Polícia Federal para 34 postos nos cinco continentes.

“Agora estaremos presentes em todos os países da América do Sul.

“Também fortalecemos nossa relação com a Interpol, chefiada pelo brasileiro Valdecy Urquiza, que tive a oportunidade de visitar em junho passado.

“Não existem espaços vazios. O crime ocupa os lugares que o Estado não preenche.

“Nossa missão é restituir a força da lei pela presença estatal.

“É isso que simboliza este centro. Por meio dele, agentes de segurança de todos os Estados da Amazônia brasileira e de todos os países amazônicos poderão se coordenar para combater a criminalidade.

“É a 1ª vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem, no mesmo espaço físico, em torno de um objetivo comum.

“Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania.

“Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções.

“As palavras-chave são ação integrada e cooperação.

“O Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia será um ambiente de intercâmbio diário de experiências e de compartilhamento de inteligência.

“Será um polo de investigações e operações conjuntas, com o respaldo de tecnologia de ponta.

“Esse espírito de articulação é o que tem inspirado nossas políticas nacionais.

“Em 2023, lançamos o Plano Amazônia: Segurança e Soberania, o Plano Amas, que prevê a integração dos diversos órgãos do Sistema Único de Segurança Pública.

“Desde 2024, conduzimos quase 200 operações.

“Só no ano passado, apreendemos mais de US$ 250 milhões em bens de acusados de praticar crimes contra o meio ambiente.

“Inutilizamos US$ 60 milhões em maquinário de garimpos ilegais, como dragas, tratores, retroescavadeiras e aeronaves.

“Por meio do programa Ouro Alvo, estamos desarticulando rotas de comércio ilícito de ouro e mercúrio.

“Com o Programa Brasil Mais, geramos alertas por imagens de satélite que permitem ação rápida contra o desmatamento e a mineração ilegal.

“O financiamento ambiental e climático tem sido vital para viabilizar essas ações.

“Muitas delas não teriam sido possíveis sem recursos do Fundo Amazônia e do Fundo Clima.

“Isso corrobora a importância da solidariedade internacional.

“Com a união de todos conseguiremos cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030.

“Para combater o crime de forma efetiva é preciso neutralizar suas lideranças e asfixiar seus mecanismos de financiamento.

“Há poucos dias realizamos, no Brasil, a maior operação da história, que finalmente alcançou o ‘andar de cima’ do crime organizado.

“Não podemos permitir que os moradores das periferias, os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas tenham suas vidas marcadas pela violência, enquanto os endinheirados ficam impunes.

“Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com a criminalidade.

“Estar do lado do povo amazônico requer ação firme e decisiva contra o crime.

“Juntos, seremos mais fortes e eficazes.

“Muito obrigado.”

Por: Poder360

Artigos Relacionados: