O promotor Cássio Roberto Conserino, do MP (Ministério Público de São Paulo) à Justiça o afastamento temporário de Andrés Sanchez, Augusto Melo e Duilio Monteiro Alves dos conselhos deliberativo e de orientação do Corinthians.
A solicitação foi apresentada ao Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça paulista em 21 de agosto de 2025. O pedido tem como objetivo assegurar o prosseguimento das investigações sobre irregularidades financeiras no clube.
A medida cautelar abrange o período integral das investigações sobre o uso de cartões corporativos do Corinthians de 2018 a 2025, intervalo que compreende as gestões dos 3 ex-presidentes. O MP também apura possíveis ilegalidades na prestação de contas durante a gestão de Duilio Monteiro Alves.
Na fundamentação do pedido, Conserino afirma que os ex-dirigentes poderiam prejudicar a coleta de provas ou intimidar pessoas envolvidas no processo. “Não é demasiado dizer que dentro do Corinthians poderão intimidar ou amedrontar ou até mesmo ameaçar pessoas que detêm o poder de responder as requisições do Ministério Público”, afirma trecho da manifestação.
Embora Augusto Melo não integre atualmente nenhum conselho do clube depois de sofrer impeachment em agosto, o MP decidiu incluí-lo no pedido como medida preventiva. As autoridades investigam potenciais crimes de apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
O MP pediu o afastamento antes da eleição realizada na 2ª feira (25.ago.2025), quando Osmar Stabile foi eleito presidente. Conserino argumentou que os dirigentes poderiam escolher “pessoas ligadas aos seus interesses políticos e também interferirem na investigação”.
Entre os elementos que fundamentam a investigação está a suspeita sobre o “Oliveira Minimercado”, empresa que emitiu notas fiscais ao Corinthians em 2023. O MP solicitou a quebra de sigilo fiscal desta empresa, que seria possivelmente de fachada.
Roberto Gavioli, superintendente financeiro do clube, comprometeu-se em audiência realizada em 7 de agosto a fornecer documentação solicitada pelo MP, mas ainda não cumpriu o prometido.
Em nota enviada ao Globo Esporte, Andrés Sanchez manifestou-se por meio de sua defesa. Leia a íntegra:
“Andrés Sanchez, por meio de sua defesa conduzida pelo advogado Fernando José da Costa, reafirma que sua atuação à frente do Sport Club Corinthians Paulista sempre se pautou pela legalidade, responsabilidade e compromisso institucional. A defesa ressalta que o pedido formulado pelo Ministério Público, referente à medida cautelar de afastamento temporário dos Conselhos Deliberativos, de Orientação ou de qualquer outro do clube não representa juízo de culpa, tratando-se apenas de providência de natureza processual. Por essa razão, Andrés Sanchez manifesta sua plena confiança na Justiça e na condução imparcial das investigações. O ex-presidente permanece à inteira disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários e apresentar toda a documentação apta a comprovar a regularidade de sua gestão e de sua atuação no âmbito do clube.”
Augusto Melo também se pronunciou por meio de sua defesa. Leia a íntegra.
“A defesa do ex-presidente Augusto Melo esclarece que, muito embora o pedido formulado pelo MP (Ministério Público do Estado de São Paulo) vise o afastamento de alguns conselheiros e, de forma reflexa, pretenda também alcançar o nome do ex-presidente, é importante destacar que, da parte de Augusto Melo, não há qualquer objeção, resistência ou receio em relação a tal medida. Durante toda a sua gestão à frente do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo pautou sua conduta pela transparência e pela responsabilidade, a ponto de jamais ter feito uso de seu cartão corporativo. Assim, entende que eventual apuração, longe de representar qualquer ameaça, apenas reforçará sua idoneidade e demonstrará, de maneira inequívoca, que sempre agiu com zelo e probidade na administração do clube. Por essa razão, recebe com absoluta serenidade a iniciativa do Ministério Público, reafirmando que não teme qualquer investigação e que está convicto de que a verdade dos fatos evidenciará sua postura correta e responsável diante do Corinthians e de sua torcida.”
Até o momento, não há decisão judicial sobre o pedido de afastamento. O Poder360 também entrou em contato com Duilio Monteiro Alves, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.