• Terça-feira, 10 de junho de 2025

Moraes retoma interrogatórios sobre tentativa de golpe na 3ª feira

O ex-comandante da Aeronáutica Almir Garnier será o 1º interrogado do dia; saiba como foram os depoimentos desta 2ª feira.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes suspendeu às 19h49 desta 2ª feira (9.jun.2025) o 1º dia de interrogatórios dos réus do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. Até o momento, falaram o tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

A audiência será retomada na 3ª feira (10.jun), às 9h, na sala da 1ª Turma da Corte. O 1º a ser interrogado será o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O colegiado começou a interrogar os réus do “núcleo crucial” na ação penal por tentativa de golpe. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.

Em seu depoimento, Cid confirmou que Bolsonaro recebeu, leu e pediu alterações na “minuta do golpe” –um texto de um possível decreto para implantar estado de sítio ou de defesa, que teria de ser aprovado pelo Congresso. Segundo o ajudante de ordens do ex-presidente, ele teria solicitado a remoção de um trecho que determinava a prisão de autoridades. A ideia era que só Moraes fosse preso.

Leia outros destaques do depoimento de Cid:

Ramagem, por sua vez, negou envolvimento na tentativa de golpe e uso ilegal da Abin. Durante as investigações, a PF (Polícia Federal) encontrou documentos que basearam a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República). Neles, Ramagem questionava as urnas eletrônicas em cartas direcionadas a Bolsonaro.

O deputado argumentou que nunca enviou as cartas ao ex-presidente e que o jeito que as escrevia eram uma maneira de “concatenar ideias”. Segundo Ramagem, os documentos eram “algo privado, com opiniões minhas e anotações diversas”.

Antes do início da sessão, Mauro Cid bateu continência aos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e da Defesa, respectivamente.

Cid também cumprimentou o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. Já Bolsonaro recebeu um aperto de mãos antes do início da sessão.

Depois da audiência, os advogados de Bolsonaro disseram que o depoimento de Cid foi “extremamente positivo” para a defesa, porque o tenente-coronel apresentou contradições que não foram explicadas.

A jornalistas, Celso Vilardi disse que Cid mente e tem “memória seletiva”. Durante a sessão, Vilardi exibiu um áudio do militar falando de uma reunião que, segundo o advogado, nunca existiu.

No arquivo, Cid conta que empresários pressionaram Bolsonaro para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. Questionado pelo advogado para quem seria mensagem, o tenente-coronel disse “não se lembrar”, mas que deve ter sido para o general Freire Gomes.

O áudio foi encontrado pela PF durante as investigações. Na gravação, Cid relata que o grupo de executivos se reuniu com Bolsonaro em 7 de novembro de 2022. Estariam no encontro o fundador da construtora Tecnisa, Meyer Nigri, e o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang.

A 1ª Turma do STF começou nesta 2ª feira (9.jun) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.

Fazem parte do grupo:

Os interrogatórios devem ser finalizados até a 6ª feira (13.jun). O 1º a ser ouvido é Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus serão interrogados na sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida assim para que todos tenham conhecimento do que o delator falou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.

Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.

Depois de terem sido interrogados, os réus não precisam mais comparecer. O único do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.

Os interrogatórios fazem parte da etapa de instrução criminal –momento de produção de provas. Já foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais que forem solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

Eventuais diligências para esclarecer algum fato apurado durante a instrução também podem ser realizadas. Só depois dessa etapa é que a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes preparará o relatório final para o julgamento.

Por: Poder360

Artigos Relacionados: