Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam como “adequada” a manutenção da Selic em 15% ao ano. A autoridade monetária interrompeu o ciclo de altas na taxa básica de juros na 4ª feira (30.jul.2025), iniciado em setembro de 2024 —há quase 1 ano. A decisão foi unânime.
Ao Poder360, integrantes do alto escalão disseram que agora é hora de avaliar o momento de voltar a cair a taxa. Dizem esperar que a inflação —atualmente em 5,5%— permita que isso aconteça até o fim do ano. O mercado projeta o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para 5,09%.
O movimento da manutenção já havia sido sinalizado pelos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião anterior do colegiado, em junho. Agentes financeiros também já esperavam a manutenção do juro-base. Eis a íntegra (PDF – 31 kB) do comunicado.
O Copom afirmou haver um cenário “marcado por elevada incerteza”. Diz ainda que o tarifaço dos EUA sobre produtos brasileiros intensifica essa perspectiva e exige “cautela”.
“O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”, disse.
Quanto ao Brasil, afirmou que o “mercado de trabalho ainda mostra dinamismo” e que “a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”.
O colegiado indica que continuará sem subir o juro-base por mais tempo e que observará se essa medida é suficiente para “assegurar a convergência da inflação à meta”.
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Influencia diretamente as alíquotas cobradas em empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações.
O indicador permanece no maior patamar desde julho de 2006, quando era de 15,25% ao ano —a taxa ficou neste nível de 1º de junho a 19 de julho de 2006. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava na reta final de seu 1º mandato naquele ano.
A última vez que o Banco Central cortou os juros foi em maio de 2024, quando a taxa foi a 10,5% ao ano. Depois, realizou duas manutenções antes de iniciar as altas novamente.
A Selic em 15% ao ano tem 1 motivo principal: o controle da inflação. O crédito mais caro desacelera o consumo e a produção. Assim, os preços tendem a não aumentar de forma tão acelerada.
Um exemplo prático e simplificado é o parcelamento de um carro: com juros altos, a compra fica menos atrativa, o que reduz a procura. Com menos compradores, os vendedores costumam manter ou até baixar os preços para não perder vendas.
A meta de inflação determina que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) não pode passar do teto de 4,5%.
Se o objetivo for descumprido no 1º semestre e ao fim do ano, o Banco Central tem que enviar uma carta se explicando pelo resultado. Foi o que aconteceu nos primeiros 6 meses de 2025.
O IPCA anualizado em junho atingiu 5,35% —acima do teto da meta, de 4,5%. Ao escrever o texto de justificativa pelo resultado, o BC projetou que a inflação só voltaria a ficar no intervalo da meta no 1º trimestre de 2026.
O documento é assinado pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Trata-se de uma carta aberta que tem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como destinatário.