Li Songxiao, ex-presidente do Neo-China Group (Holdings) Ltd., retornou a Hong Kong na 3ª feira (29.jul.2025) para se entregar depois de 14 anos foragido, informou a agência anticorrupção da cidade. Ele vai responder a acusações de conspiração para fraude, que remontam a 2011.
A ICAC (sigla para Comissão Independente Contra a Corrupção) afirmou que Li, juntamente com 2 ex-executivos seniores da Neo-China, teriam orquestrado transações imobiliárias fraudulentas de 2003 a 2007, que inflaram os lucros e ativos da incorporadora. As transações, que totalizaram mais de HK$ 330 milhões (US$ 42 milhões), teriam enganado acionistas e a Bolsa de Valores de Hong Kong.
Segundo a ICAC, a Neo-China declarou ter adquirido todas as ações da Top Fair por HK$ 210 milhões e vendido sua subsidiária, Noble Time, para a Northwest Link por HK$ 123 milhões. Os investigadores disseram que Li controlava secretamente tanto a Top Fair quanto a Northwest Link, mas declarou falsamente em comunicados, circulares e relatórios anuais que compradores e vendedores eram partes independentes. Declarações contábeis falsas teriam sido utilizadas para respaldar os negócios.
Li foi presidente da Neo-China de 2003 a 2009, período em que a empresa expandiu agressivamente em cidades da China continental, como Chongqing, Pequim, Tianjin e Xi’an. Ele renunciou em agosto de 2009 e deixou Hong Kong pouco depois. Em 2011, um magistrado emitiu um mandado de prisão depois de Li, de forma repetida, se recusar a retornar e colaborar com as investigações.
A investigação da ICAC começou em 2008, depois do recebimento de acusações de corrupção. Os investigadores realizaram uma operação no escritório da empresa em Hong Kong em janeiro daquele ano e prenderam 1 funcionário com base na Lei de Prevenção à Corrupção.
Li, natural da província de Zhejiang, construiu sua fortuna com empreendimentos no setor imobiliário, depois de passagens pelo antigo Ministério da Construção da China e pelo Ministério de Materiais. Em 2003, adquiriu uma empresa listada em Hong Kong e a reestruturou como Neo-China. Em 2008, a Forbes China o classificou em 73º lugar na lista dos mais ricos, com ativos estimados em 6,3 bilhões de yuans (US$ 878 milhões).
Durante sua expansão, a Neo-China captou recursos significativos no mercado de capitais, incluindo HK$ 1,34 bilhão em títulos conversíveis sem cupom em 2006 e US$ 400 milhões em títulos de alto rendimento em 2007. A empresa enfrentou dificuldades depois da crise financeira de 2008, deixando de pagar juros no início de 2009, à medida que as vendas de imóveis desaceleraram e o fluxo de caixa secou.
As ações da Neo-China foram suspensas em janeiro de 2008 e nunca se recuperaram totalmente. Em junho de 2010, a Shanghai Industrial Holdings Ltd. adquiriu uma participação de 45% na Neo-China por HK$ 2,7 bilhões e renomeou a empresa como Shanghai Industrial Urban Development Co. Ltd.
O nome de Li também apareceu em um processo criminal de 2014 na China continental, quando um empreendedor de Xuzhou envolvido em uma disputa de projeto com ele foi espancado até a morte. Os promotores locais inicialmente aprovaram a prisão de Li, mas posteriormente o liberaram por “provas insuficientes”.
Esta reportagem foi originalmente publicada em inglês pela Caixin Global em 30.jul.2025. Foi traduzida e republicada pelo Poder360 sob acordo mútuo de compartilhamento de conteúdo.