O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, nesta 5ª feira (11.set.2025), com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz. De acordo com o porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, ambos concordaram em trabalhar pela rápida ratificação e implementação do acordo da União Europeia com o Mercosul.
Segundo o comunicado da Alemanha, os chefes de governo conversaram sobre aprofundar as relações bilaterais no campo econômico.
Em 5 de setembro, Lula conversou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o mesmo tema. Disse que qualquer regulamentação sobre as salvaguardas do acordo Mercosul-União Europeia deve manter o “espírito” do tratado.
Ela havia apresentado 2 dias antes suas propostas ao Conselho Europeu, braço-executivo da União Europeia, para concluir o Acordo de Parceria UE-Mercosul e o Acordo Global Modernizado UE-México.
Os textos buscam criar a maior zona de livre comércio do mundo e diversificar as relações comerciais do bloco com a América Latina.
As propostas avançam nas negociações com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que integram o Mercosul, e com o México, em um momento em que a UE busca reduzir dependências e reforçar parcerias estratégicas. Os tratados ainda precisam da aprovação dos 27 países do bloco e do Parlamento Europeu. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 67 kB).
À época, Lula reiterou sua intenção de assinar o acordo até o fim do ano, na Cúpula do Mercosul que será realizada no Brasil.
O acordo com o Mercosul criará um mercado de mais de 700 milhões de consumidores e pode elevar em até 39% as exportações anuais da UE para o bloco, alcançando 49 bilhões de euros e sustentando 440 mil empregos.
O pacto eliminará tarifas elevadas sobre:
“O acordo apoiará igualmente o crescimento das exportações de produtos agroalimentares tradicionais e de elevada qualidade da UE. Pôr igualmente termo à concorrência desleal dos produtos do Mercosul que imitam produtos autênticos da UE, protegendo 344 indicações geográficas da UE”, diz o texto.
Para resguardar os agricultores europeus, o acordo impõe limites às importações preferenciais do Mercosul: 1,5% da produção de carne bovina e 1,3% da produção de aves.
A França é a principal força de oposição ao acordo. O país considera uma ameaça ao seu agronegócio e exige medidas de proteção ambiental mais rígidas dos países sul-americanos. Apesar disso, o governo francês disse que a Comissão Europeia “ouviu suas ressalvas” e que analisará se suas reivindicações foram bem atendidas.
Já a Alemanha é a principal defensora do acordo no continente europeu. O país quer expandir o mercado de suas indústrias. O timing é bom para acelerar a tramitação: enquanto na América do Sul a porta se abre para a aproximação com a Europa, nos EUA ela se fecha com o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano).