O ex-apresentador do “Late Night”, da NBC, e do “Late Show”, da CBS, David Letterman, criticou na 5ª feira (18.set.2025) a suspensão do programa “Jimmy Kimmel Live!” pela ABC, depois de críticas do apresentador Jimmy Kimmel ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano).
Durante um debate com Jeffrey Goldberg no Atlantic Festival, Letterman lembrou o cancelamento já anunciado do “Late Show with Stephen Colbert” e disse que fez declarações semelhantes sobre presidentes norte-americanos durante 3 décadas sem enfrentar situações parecidas.
“Eu só me sinto mal com isso porque todos nós vemos para onde isso está indo, certo? É mídia controlada. E isso não presta. É bobo. É ridículo. Não pode sair demitindo alguém porque está com medo ou tentando bajular uma administração autoritária e criminosa na Casa Branca. Não é assim que funciona”, declarou Letterman.
“No mundo de alguém que é autoritário, talvez uma ditadura, mais cedo ou mais tarde todos acabam sendo atingidos”, disse.
Assista à declaração:
O afastamento de Jimmy Kimmel pela ABC foi motivado por pressões de afiliadas e do governo Trump, depois de comentários do apresentador sobre o assassinato do ativista de direita Charlie Kirk.
A emissora, que pertence à Disney, tomou a decisão depois de Kimmel dizer em seu monólogo que aliados de Kirk exploravam politicamente a morte do fundador da organização Turning Point USA. O apresentador, crítico frequente de Trump, comparou o luto do presidente pela morte de Kirk ao de “uma criança de 4 anos lamentando a morte de um peixinho”.
Letterman disse que se sentiu mal pelo seu “bom amigo” e lembrou de Colbert, escolhido para sucedê-lo no “Late Show”, programa que apresentou de 1993 a 2015 e que será encerrado em 2026.
“Eles deram um jeito de tirar o Colbert. Isso foi grosseiro. Isso foi imperdoável”, afirmou.
Letterman disse que apresentou seus talk shows durante o governo de 6 presidentes –Jimmy Carter (Partido Democrata), Ronald Reagan (Partido Republicano), George Bush ( Partido Republicano), Bill Clinton (Partido Democrata), George W. Bush (Partido Republicano) e Barack Obama (Partido Democrata)– e nunca sofreu esse tipo de reação.
O ex-apresentador declarou que, na maioria dos casos, “pegou pesado”, embora nem tanto com Carter, por ser “só um cara doce”, e com Obama, mas que foi duro, por exemplo, com Clinton.
“Bater nessas pessoas, com razão ou sem razão, com precisão ou talvez de forma imprecisa, em nome da comédia –nunca fomos pressionados por ninguém de nenhuma agência governamental, muito menos pela temida FCC [Federal Communications Commission, agência reguladora das comunicações nos Estados Unidos]. Republicano, democrata, nunca houve. Bem, vou dizer que provavelmente fomos mais leves com Barack Obama, porque eu meio que gostava do cara. Mas nunca recebemos uma ligação da Casa Branca”, disse.
Assista, em inglês, (a partir de 36min52s):
Trump já havia comemorado nas redes sociais o afastamento de Kimmel. Na 5ª feira (18.set.2025), durante uma entrevista a jornalistas no Air Force One, o presidente sugeriu rever licenças de emissoras que mantêm programação negativa ao governo.
Em Hollywood, sindicatos e entidades se manifestaram contra a suspensão do “Jimmy Kimmel Live!”.