• Sexta-feira, 6 de junho de 2025

Indonésia autoriza importação de gado vivo do Brasil e amplia cota para 534 mil cabeças

Nova medida quebra monopólio australiano e sinaliza oportunidade estratégica para o Brasil no mercado asiático; A exportação de gado vivo tem sido uma grande oportunidade para a pecuária brasileira, mesmo enfrentando entraves

Nova medida quebra monopólio australiano e sinaliza oportunidade estratégica para o Brasil no mercado asiático; A exportação de gado vivo tem sido uma grande oportunidade para a pecuária brasileira, mesmo enfrentando entraves A Indonésia acaba de autorizar formalmente a importação de gado vivo do Brasil e da Nova Zelândia, ampliando significativamente sua cota de importação para 2025. A decisão foi anunciada por Sudaryono, vice-ministro da Agricultura do país asiático, e representa um marco histórico, já que rompe com a longa exclusividade australiana nesse mercado e abre espaço para novos exportadores — com destaque para o Brasil, que desponta como potencial fornecedor. Segundo o governo indonésio, a cota de importação de gado vivo foi elevada em 184 mil cabeças, passando de 350 mil para um total de 534 mil cabeças em 2025. A justificativa principal está no estímulo à engorda e produção local de proteína animal, com valor agregado interno.
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  • Exportação de gado vivo dispara e Brasil pode embarcar 1,5 milhão de cabeças em 2025
    Como afirmou Zulkifli Hasan, Ministro Coordenador de Alimentos da Indonésia, a importação de gado para engorda beneficia a economia porque movimenta cadeias produtivas domésticas, ao contrário da carne congelada, que chega ao consumidor sem transformação. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'}); “Permitimos a entrada de investimentos em gado vivo. O país de origem depende, desde que seja aprovado. Por exemplo, Austrália, Nova Zelândia ou Brasil”, disse o vice-ministro Sudaryono. A Austrália, por décadas o único fornecedor de gado vivo para a Indonésia, continua tendo vantagens logísticas. Entretanto, a reabertura ao Brasil tem significado estratégico, especialmente com o reconhecimento recente do país como livre de febre aftosa sem vacinação, status que fortalece sua posição em negociações comerciais e amplia o leque de destinos para a pecuária brasileira. Oportunidade e desafios para o Brasil Apesar da autorização, nenhuma licença formal foi emitida ainda para exportações do Brasil, o que sugere que a concretização de negócios dependerá de ajustes operacionais e comerciais. Um dos maiores obstáculos é a logística: enquanto o transporte de gado da Austrália à Indonésia leva de 4 a 5 dias, o trajeto marítimo do Brasil pode durar de 3 a 4 semanas, elevando custos e exigindo infraestrutura adequada de bem-estar animal. Por outro lado, a entrada do Brasil no mercado indonésio ocorre em um momento de demanda crescente por proteína animal, impulsionada pelo programa do governo local de Refeições Nutritivas Gratuitas — que visa atender milhões de estudantes com refeições diárias contendo frango, ovos, vegetais e arroz. A inclusão de carne vermelha nesse programa ainda é limitada, mas pode crescer conforme o programa se expanda e receba novos aportes. Além da carne bovina in natura, a Indonésia e as Filipinas demonstraram interesse em miúdos bovinos brasileiros, que têm valor competitivo e podem preencher lacunas deixadas por outros fornecedores. exportação-de-gado-vivo - exportação de animais vivos
    ABREAV / Foto: Olho do Drone
    Impactos e perspectivas A medida também tem potencial de impactar os mercados de 85 e 90 CL (lean meat – carne magra congelada), onde o Brasil pode ser competitivo, principalmente com vacas zebuínas de descarte. Contudo, a entrada de carne e miúdos mais baratos pode gerar resistência de produtores locais e precisa ser cuidadosamente administrada. A expectativa é de que a abertura da Indonésia ao gado brasileiro estimule acordos bilaterais, investimentos em logística e novas tratativas sanitárias, consolidando o Brasil como fornecedor confiável de gado vivo no sudeste asiático, ao lado da Austrália e, futuramente, da Nova Zelândia — que ainda enfrenta restrições à exportação marítima de animais. A decisão da Indonésia de autorizar a importação de gado do Brasil marca uma ruptura com o monopólio australiano e sinaliza uma nova era de concorrência no setor de exportação pecuária para o sudeste asiático. Embora os desafios logísticos sejam significativos, o reconhecimento sanitário e o interesse crescente por proteínas de qualidade tornam o Brasil um player relevante para suprir a crescente demanda por carne na região. A ampliação da cota para 534 mil cabeças reforça esse movimento e deve atrair atenção de exportadores, confinadores e autoridades sanitárias brasileiras nos próximos meses.
    Por: Redação

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