Haddad: “Não vejo mais espaço para aumento da taxa de juros”
"A inflação está caindo, e o patamar da Selic vai ficar nessa altura quanto tempo? Acredito que o BC vai ter que calibrar", disse Haddad
O ministro da Fazenda, (PT), disse nesta sexta-feira (27/6) que não acredita em novos aumentos da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do .
“Eu não vejo mais espaço para aumento da taxa de juros. A inflação está caindo, e o patamar da Selic vai ficar nessa altura quanto tempo? Acredito que o BC vai ter que calibrar o momento do ciclo de corte, que eu não sei quando vai acontecer”, .
“Mas tem muita coisa boa acontecendo para que isso ocorra. O Fed [Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos] está anunciando corte, nós tivemos deflação de alimentos no mês passado, o mercado já está projetando taxas menores… Creio que nós temos um bom caminho pela frente”, projeta o ministro.
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A elevação da taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. .
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
De acordo com o comunicado que acompanhou a última decisão do Copom, o aumento de 0,25 ponto percentual foi compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
. Entretanto, a taxa deve se manter em 15% por um bom tempo, sem cortes por enquanto.
Galípolo
O chefe da equipe econômica foi questionado sobre uma suposta mudança de comportamento do governo federal em relação à presidência do BC. Quando o comandante da autoridade monetária era , as críticas do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) eram frequentes.
Desde que assumiu o cargo, elas desapareceram, pelo menos publicamente. Galípolo foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda – número 2 da pasta comandada por Haddad – no início do governo Lula.
“O Galípolo acabou de entrar no BC e a contratação da alta foi feita no último Copom de dezembro. Quando você contrata três altas de 100 pontos-base [1 ponto percentual], você não consegue sair de 100 para zero”, afirmou Haddad.
“O governo é muito grande, mas eu vou falar por mim porque eu lembro de tudo o que eu falei. Foram poucos momentos em que eu pontuei questões com o Campos Neto. Quando a inflação bateu 3%, eu falei: ‘Roberto, não dá, pô’. Vamos jogar este país onde? Não faz sentido manter essa taxa tão alta”, relatou o ministro.
“Quando foi lá para maio ou junho, eu externei essa minha opinião. Tanto é que, em agosto, por 5 a 4, com o voto do Campos Neto, a taxa começou a cair. Acabou a discussão, o governo não falou mais nada”, prosseguiu Haddad.
“Quando teve uma segunda divergência e eu não escondi minha contrariedade? Tinha um ‘guidance’ contratado no começo do ano passado, e o Roberto Campos quase fez uma reunião do Copom quase monocrática em Washington, sem conversar com os dirigentes do banco. Houve uma opinião do BC que desancorou tudo, começou ali. Os novos diretores firmaram posição em relação à ata anterior, e o Roberto votou com os outros quatro, rompendo o que tinha sido definido na ata anterior”, completou o ministro da Fazenda.
Por: Metrópoles