O ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Paulo Teixeira, afirmou nesta 4ª feira (4.fev.2025) que o governo vai pleitear no Orçamento de 2025, que ainda será analisado pelo Congresso, R$ 1 bilhão para fazer um estoque, principalmente, de arroz, feijão e trigo. Segundo ele, é preciso reforçar de maneira “cuidadosa” as reservas contra as “altas conjunturais de alguns alimentos”.
“Nós estamos estimando que R$ 1 bilhão dá para começar esse estoque. Se você tiver R$ 1 bi para estocar, eu acho que você pode se concentrar em arroz, feijão e trigo. Então, com esses produtos nós podemos fazer um estoque bem, digamos assim, cuidadoso. E, assim, de uma maneira progressiva”, afirmou.
Em entrevista ao Poder360, o chefe do órgão afirmou que a negociação poderá ser feita por meio do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) ou por estoque público direto (compra direta do produtor).
“A gente vai agora discutir no Orçamento, tem que viabilizar recursos, é a medida de estoques públicos. Isto é, como a gente faz, de uma maneira muito cuidadosa, de uma maneira muito progressiva, estoques públicos para enfrentar as altas conjunturais de alguns alimentos”, declarou.
Assista a um resumo da entrevista de Paulo Teixeira (3min19s):
A ideia por trás dos estoques de alimentos é dar ao governo controle sobre ao menos 1 dos aspectos da formação de preços da comida, que é a oferta e a demanda.
O ministro contou que, já durante esse governo, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que segundo ele tem “expertise” em fazer esse estoque, comprou milho quando os preços estavam abaixo do normal. Mais tarde, quando os preços dispararam por conta da seca, o órgão vendeu o estoque a produtores nordestinos para terem alimento para seus animais.
Teixeira descartou que o governo tomará qualquer medida intervencionista nos preços dos alimentos. A ideia é incentivar a produção, aumentando a demanda e derrubando os preços.
Segundo ele, o novo Plano Safra, a ser anunciado em junho, deve ter um incentivo especial aos médios produtores. São estes, de acordo com o ministro, que produzem os itens da cesta básica.
Ele afirmou que a principal justificativa para o aumento dos preços dos alimentos foi a alta do dólar. Com queda da moeda norte-americana, os preços devem responder no curto prazo.
Na 6ª feira (31.jan), a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,22 no combustível a partir de sábado (1º.fev), para R$ 3,72. Contudo, como antecipado pelo Poder360, o aumento seria insuficiente para cobrir a defasagem.
O preço do diesel A comercializado nas refinarias da Petrobras está 9% abaixo do praticado no Golfo do México, utilizado como referência do PPI (Preço de Paridade de Importação). A informação consta no boletim de 2ª feira (3.fev) da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
Perguntado sobre como esse reajuste pode afetar o preço dos alimentos, Teixeira afirmou que os preços seguem abaixo, em valores reais, do que era praticado em 2022, sob Jair Bolsonaro (PL).
O ministro disse que a estatal não pode ter prejuízos para manter os preços dos alimentos baixos. Que as medidas na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passam por aumentar a produção, incentivando os produtores.
“O ideal é ter o menos possível [de reajustes], mas você não pode, digamos assim, fazer uma empresa como a Petrobras ter prejuízos para segurar preços. Então, nós temos que fazer um estímulo à produção de mais alimentos, estimular de toda forma que ele chegue mais barato, mas nós não podemos quebrar a Petrobras. Pelo contrário, nós queremos que a Petrobras seja uma empresa forte”, afirmou.