Jailton estava em um bar em Barueri esperando por uma pizza, quando foi morto. “Ele estava sentado na porta do bar esperando a pizza, eles empurraram para dentro e já atiraram”.Segundo Silva, até o momento, ela não recebeu nenhum tipo de indenização do estado. “Falaram que a gente vai ter direito a uma pensão e indenização, mas até agora nada”. “Ninguém faz nada. O policial já está na rua trabalhando. Ele pode fazer a mesma coisa, sair matando [novamente] pessoas, pessoas pretas, pobres e da periferia”, acrescentou Antônia.

Punição
Aparecida Gomes da Silva Assunção perdeu o filho Leandro Pereira Assunção, de 36 anos. Ela pede punição aos autores do crime e diz que não vê justiça sendo feita. "Você não vê punição, você vê só acontecendo com outras mães [a mesma coisa]”. “Vê outros meninos perdendo a vida, a troco de nada, polícia matando, como sempre, e não tem justiça. Porque na hora que começar a punir, realmente ter uma punição severa, eu acho que talvez melhore. Mas, enquanto isso, só fica assim o lamento das mães, da família, porque mora na periferia ou porque estava no lugar errado”.Luto constante
Rosa Francisca Correa, mãe de Wilker Thiago Correa Osório, morto aos 29 anos, conta que o filho foi assassinado com 40 tiros na volta do trabalho. Segundo ela, o crime acabou com a vida de todas as famílias envolvidas. “Quando aconteceu esse ocorrido, não acabou só com a minha família, acabou com a família de todos. Todas mães vivem um luto constante. E esse luto nós vamos levar conosco”.“Na época eu morava no Engenho Novo, em Barueri, e ele estava voltando do serviço com a mochila nas costas, com a marmita e um garfo dentro. E ele foi morto, pelas costas, com 40 tiros. Infelizmente, ele nem sabe porque morreu”.

Julgamentos
Dois anos após a chacina, quatro policiais foram a julgamento. Dois deles, Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain, foram condenados pelos crimes. Eleutério foi condenado à pena de 255 anos, sete meses e dez dias de prisão. Já Henklain recebeu sentença de 247 anos, sete meses e dez dias de prisão. Naquele julgamento, o guarda civil Sérgio Manhanhã também foi condenado a 100 anos e dez meses de prisão. O ex-PM Victor Cristilder dos Santos, julgado separadamente, em março de 2018, foi condenado a 119 anos, quatro meses e quatro dias de reclusão. No entanto, as defesas recorreram, e um novo julgamento do caso foi realizado em 2017. Tanto Cristilder quanto Manhanhã acabaram sendo absolvidos. Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o inquérito policial instaurado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para investigar o caso foi concluído em dezembro do mesmo ano, “com a identificação e indiciamentos de oito pessoas – sete policiais militares e um GCM [guarda civil metropolitano]”. Segundo a secretaria, “todos os PMs envolvidos no caso foram expulsos da corporação”. Relacionadas
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