• Domingo, 17 de agosto de 2025

“Crianças não devem produzir conteúdo para internet”, diz Felca

Influencer falou em programa de TV sobre exploração infantil nas redes e vídeo que resultou na prisão do paraibano Hytalo Santos.

Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, afirmou que crianças não devem produzir conteúdo para internet durante participação no programa Altas Horas, da TV Globo, no sábado (16.ago.2025). Foi sua 1ª entrevista televisiva depois de gravar o vídeo “Adultização”, que viralizou e resultou na prisão do influenciador Hytalo Santos em São Paulo.

“É um tema tão aversivo que, se você não tem sangue de barata, não consegue ficar nisso 30 minutos ao dia”, disse Felca. Ele afirmou que o problema vai além da exposição. “Essas contas de perfis de crianças estão sendo utilizadas para promover trocas de pornografia infantil. Isso é muito sério”.

O vídeo, publicado por Felca em 6.ago.2025 no YouTube, acumula mais de 44 milhões de visualizações. No conteúdo de 50 minutos, ele fala sobre a exposição infantil em redes sociais, exploração comercial por responsáveis, erotização precoce e omissão das plataformas diante de conteúdos que atraem pedófilos.

O principal alvo foi Hytalo Santos, que mantinha um programa nas redes sociais semelhante ao “Big Brother Brasil” com adolescentes como competidores. A conta de Instagram de Santos foi desativada em 8.ago.2025, 2 dias depois da publicação do vídeo.

O conteúdo trouxe convergência entre políticos de diferentes espectros ideológicos. A deputada Erika Hilton (Psol-SP) agradeceu ao youtuber “pela apuração que realizou sobre a exploração sexual infantil nas redes sociais e por sua postura ativa e cidadã de denunciar tudo à Polícia Federal”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que Felca “mexeu no vespeiro” ao trazer o tema à tona.

Cinco dias depois da publicação do vídeo, em 11.ago.2025, deputados apresentaram 17 novos projetos de lei sobre o tema, vindos de congressistas de diversos partidos, incluindo PT, PL, MDB, PSB, União Brasil, Republicanos, PSD, PV e Psol. No mesmo dia, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que a Casa pautaria projetos relacionados à adultização infantil.

No dia seguinte, Motta oficializou a criação de um grupo de trabalho para analisar mais de 60 propostas sobre proteção de crianças nas plataformas digitais. Entre elas está o PL 2628/2022, do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara, considerado o texto mais avançado sobre proteção infantil em ambientes digitais.

Também na 3ª feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que enviaria ao Congresso um projeto para regular plataformas digitais. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) apresentaram pedido de CPI para investigar casos de pedofilia e erotização de crianças, que obteve 70 assinaturas.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou na 4ª feira (13.ago) requerimento convidando Felca para participar de audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. O documento também propõe a presença de representantes das plataformas Meta, YouTube, Telegram, TikTok e Kwai, além de órgãos como a Procuradoria dos Direitos do Cidadão do MPF (Ministério Público Federal), a Polícia Federal e a Defensoria Pública da União.

Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos na 6ª feira (15.ago.2025) em São Paulo, por ordem do juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, Paraíba. A operação foi conduzida pelo Ministério Público da Paraíba, Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), Ministério Público do Trabalho, polícias civis da Paraíba e São Paulo, além da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo o delegado Fernando David de Melo Gonçalves, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Paulo, o casal pretendia fugir do Brasil. No sábado (16.ago.2025), o Tribunal de Justiça da Paraíba negou pedido de habeas corpus impetrado pela defesa, mantendo a prisão preventiva.

Por: Poder360

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