A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) afirmou na 2ª feira (15.set.2025) ter protocolado um requerimento junto ao MPT (Ministério Público do Trabalho) para investigar o banco Itaú Unibanco pela demissão de mais de 1.000 funcionários que atuavam em regime de trabalho remoto.
O banco justificou os desligamentos por “quebra de confiança” e “baixa aderência ao teletrabalho”. Segundo o Itaú, a média de atividade digital considerada adequada é de 75%, já descontando pausas e intervalos. “Os funcionários desligados apresentavam índices muito inferiores, como 27% a 37%, em áreas onde a média dos colegas era superior a 70%”, declarou a empresa.
Em seu perfil no X, a deputada justificou sua representação ao MPT citando reportagem da BBC Brasil que diz que 1 dos funcionários demitidos relatou, em condição de anonimato, que fazia jornadas prolongadas e foi promovido e premiado por desempenho na empresa.
“Apesar do banco alegar ‘baixa produtividade’ dos trabalhadores em home office, na verdade, eles trabalham mais de 7 dias seguidos sem descanso ou direito ao final de semana, em jornadas exaustivas, sem direito até mesmo ao horário de almoço”, disse Hilton.
A deputada afirmou que o banco “está se recusando a provar” como fazia o monitoramento da produtividade dos funcionários, “dizendo apenas que monitorou os aparelhos eletrônicos fornecidos pelo banco, mas sem demonstrar os dados que embasam essas afirmações”. Hilton declarou que “os funcionários têm a certeza de que trabalhavam até mais do que todas as suas horas”.
De acordo com a instituição financeira, o monitoramento está previsto em políticas internas assinadas pelos funcionários e não se restringe a cliques de mouse ou uso de teclado, como se chegou a cogitar. “Inclui atividades em diversas plataformas corporativas, como videochamadas e cursos. Essa decisão faz parte de um processo de gestão responsável e tem como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança”, disse em um comunicado oficial.
Hilton escreveu ter solicitado ao MPT que fiscalize “as condições de trabalho em todas as modalidades praticadas pelo Itaú Unibanco S.A., não só o home office”. O pedido de investigação refere-se às alegações de “jornadas exaustivas e labor em finais de semana e madrugadas, em violação ao direito ao descanso semanal remunerado e à saúde física e mental dos empregados do Itaú”.
A deputada disse que as manifestações públicas do Itaú estão “culpabilizando os funcionários, e informações supostamente ‘vazadas’ que colocam os trabalhadores como pessoas que se aproveitavam do banco e do home office”.
Para Hilton, isso também configura comportamento abusivo, uma vez que difama os funcionários para futuros empregadores e colabora para enviesar o julgamento de reclamações trabalhistas. “É nojento que um banco explore, se aproveite, submeta o trabalhador à exaustão, demita e depois ainda o difame publicamente”, disse.
“Nós sabemos o porquê bancos e grandes empresas odeiam o home office: ele diminui o lucro dos fundos de especulação imobiliária, dá mais autonomia para o trabalhador se qualificar para empregos melhores no horário que gastaria no transporte e atrapalha a criação de uma ‘cultura corporativa’ que só serve pro trabalhador colocar o emprego acima da própria vida e família”, declarou a congressista.
Hilton disse que o trabalho remoto “impede o assédio moral e sexual no trabalho sem autoincriminação, a atribuição de funções irregulares –ou ilegais– aos funcionários, o roubo dos créditos das iniciativas e resultados dos trabalhadores”.
Na 2ª feira (15.set), a COE (Comissão Organizadora de Empregados) do Itaú-Unibanco se reuniu com representantes do banco pela 2ª vez para pressionar pela reversão das demissões em massa.
A COE classificou a medida como “assédio digital” porque os funcionários foram monitorados e não tiveram “nenhuma possibilidade de se opor ou se defender”.
A instituição registrou lucros recordes:
O Poder360 procurou o Itaú Unibanco por meio do e-mail de sua assessoria de imprensa para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito das falas da deputada e da investigação do MPT. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.