O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá compromissos focados nas pautas da política externa de seu governo na viagem que fará a Nova York no próximo sábado (20.set.2025). O governante visitará os Estados Unidos para participar da abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), onde será o 1º a discursar. Fica no país até 25 de setembro.
Lula terá uma agenda de compromissos voltada para questões fundamentais da política externa de seu governo. As pautas a serem discutidas, no entanto, estão diretamente em oposição aos interesses do governo de Donald Trump (Partido Republicano).
Na 2ª feira (22.set), Lula deve participar da 2ª sessão da conferência de alto nível da ONU para tratar da questão palestina e da defesa de uma solução de 2 Estados com Israel. O Brasil defende historicamente essa solução para a paz na região.
Na 3ª feira (23.set), Lula fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. Tradicionalmente, cabe ao Brasil ser o 1º a falar no evento. Em seguida, discursa o presidente dos Estados Unidos. É possível que Lula e Trump se encontrem nos bastidores do palco central do plenário da ONU. Mas um encontro entre os 2 não está confirmado.
Em 2024, Lula conversou de forma breve com o então presidente dos EUA, Joe Biden (Partido Democrata). No mesmo dia, está previsto um encontro bilateral entre Lula e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Na 4ª feira (24.set), Lula deve comandar uma reunião ao lado dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez, em defesa da democracia e da luta contra o extremismo.
Uma das bandeiras será o fortalecimento de organismos multilaterais, como a própria ONU e o seu Conselho de Segurança. Uma reunião semelhante foi realizada em 2024, também sob a liderança dos 3 países. De acordo com o Itamaraty, 30 nações confirmaram presença.
No mesmo dia, Lula participará também da abertura da Semana do Clima de Nova York e presidirá, ao lado de Guterres, a Cúpula Virtual sobre Ambição Climática. O tema é um dos principais objetivos do Brasil na COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro.
Todos os eventos dos quais Lula deve participar tratam de pautas rejeitadas por Trump. O norte-americano é, atualmente, o principal aliado de Israel na guerra contra o Hamas. Ele também é crítico ao multilateralismo e adotou como política medidas que contrastam com as principais políticas de combate ao aquecimento global.
A visita de Lula aos Estados Unidos na próxima semana se dá no pior momento da relações entre os 2 países. Em julho, Trump impôs tarifas de 50% para os produtos brasileiros importados e condicionou as negociações à suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A sua condenação a mais de 27 anos de prisão na 5ª feira (11.set) fez aumentar o receio no governo brasileiro de que mais sanções podem ser determinadas.
Em 30 de julho, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes foi punido pela Lei Magnitsky, utilizada para impor sanções a autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos.