O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta 2ª feira (15.set.2025) que as críticas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), ao Judiciário brasileiro fortaleceram a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele afirmou que o petista aproveitou-se das sanções norte-americanas feitas ao Brasil para fortalecer o discurso de soberania nacional e instrumentalizá-lo ao seu favor.
“Esse gesto dos EUA recuperou a figura do Lula, invocou-se soberania nacional, ‘aqui ninguém põe o pé, etc’. Levantou a história eleitoral do Lula”, disse Temer durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Apesar de entender que o atrito com os EUA trouxe benefícios políticos a Lula, Temer criticou a atitude do presidente e disse que, se estivesse no seu lugar, telefonaria para Trump. “Nessas questões, não se deve pensar em uma questão eleitoral, deve se pensar no Brasil. Eu telefonaria para o Trump. O diálogo é fundamental. Você sabe que eu acho que ele atenderia o telefone. E se atende, começa um diálogo”, afirmou.
Temer também fez críticas ao artigo escrito por Lula publicado no domingo (14.set) no New York Times. “Lamento dizer, mas esta carta foi provocativa, foi uma carta para o povo brasileiro. Lá na carta é dito que Trump é desonesto, que é falso”, declarou o ex-presidente.
Desde que os EUA anunciaram a imposição de tarifas de 50% aos produtos brasileiros, Lula ainda não fez contato com o presidente norte-americano.
Na data em que as tarifas entraram em vigor, em 6 de agosto, o petista disse ter a “intuição” de que Trump não quer conversar e que, por isso, não irá se “humilhar” para tentar resolver a situação. O republicano havia dito que o presidente brasileiro “pode ligar quando quiser”. Um mês depois, em 5 de setembro, Lula voltou a dizer que Trump “não quer conversar” sobre o tarifaço.