• Quinta-feira, 31 de julho de 2025

Empresas nacionais avaliam reduzir produção no Brasil após tarifas

Taxa de até 50% dos EUA ameaça exportações, com riscos para empregos, competitividade e produção local.

As tarifas de 50% a produtos brasileiros anunciadas por Donald Trump (Partido Republicano) farão com que empresas brasileiras alterem suas estratégias de mercado para reduzir perdas econômicas, segundo apurou o Poder360.

A Taurus diz que a taxa fará com que “repense o modelo da companhia no Brasil, que envolve 2.700 empregos diretos e 15.000 indiretos”. A Minerva Foods fala em diversificar o mercado diante do novo cenário.

Para o CEO global da empresa de armamentos, Salesio Nuhs, é “natural reforçar a operação na unidade fabril da Taurus na Georgia”. O executivo já havia declarado ao jornal Berlinda que a transferência de toda a operação brasileira para o Estado dos EUA seria estudada.

O Poder360 buscou contato com empresas dos seguintes setores: aeroespacial e defesa; papel e celulose; armamentos; madeira, móveis, portas e painéis; MDF e resinas; frigorífico e carne bovina;  sucos cítricos; calçados e vestuário e proteína animal.

Eis o posicionamento da Taurus:

“A tarifa de 50% equivale, na prática, a um embargo comercial, pois inviabiliza qualquer empresa exportadora, dada a elevada competitividade do mercado norte-americano.

A Taurus não vai sair do Brasil. Acreditamos que o tema será resolvido.

Desde que as discussões sobre a tarifação começaram, a Taurus está tomando todas as medidas que estão ao seu alcance, entre elas antecipou as exportações para os Estados Unidos e formou um estoque de produtos nos Estados Unidos que consegue suprir o mercado norte-americano por 90 dias.

A Taurus também vem paralelamente tratando do assunto em diversas frentes, inclusive com a articulação com autoridades brasileiras e membros da embaixada, do governo norte-americano e do Estado da Georgia, mostrando a importância da Companhia não apenas como uma Empresa Estratégica de Defesa, mas como uma empresa que gera empregos, renda e tecnologia de ponta.

Em negociação com o governo do Estado do Rio Grande do Sul, o compromisso de avaliar a antecipação da liberação dos créditos acumulados de ICMS vai ajudar muito no fluxo de caixa da Companhia nesse momento.

Caso a tarifa de 50% entre em vigor, aí sim a Taurus terá que repensar o modelo da companhia no Brasil, que envolve 2.700 empregos diretos e 15 mil indiretos. Será natural reforçar a operação na unidade fabril da Taurus na Georgia, nos Estados Unidos. Isso, por consequência, poderá levar à redução da produção no Brasil. A Taurus está tratando o tema com muita responsabilidade para evitar decisões precipitadas que possam comprometer a estabilidade de seus colaboradores”.

Já a Minerva Foods, uma das maiores processadoras de carne da América do Sul, declarou que as “exportações brasileiras e sujeitas à nova política tributária, apresentam impacto potencial máximo ao redor de 5% da receita líquida”. 

Afirmou também que “a exposição ao mercado dos EUA também ocorre via nossas operações na Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália, o que permite à companhia maximizar sua capacidade de arbitrar os mercados, reduzindo riscos, alavancando oportunidades e respondendo com eficiência a mudanças de cenário como essa”. Eis a íntegra (PDF – 80 kB).

A Suzano, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, a Citrosuco, uma das líderes globais na exportação de suco de laranja, e a Alpargatas, fabricante de calçados com forte presença no mercado norte-americano, declararam que ainda não têm posição oficial. Estudam os próximos passos a partir da implementação das tarifas em 6 de agosto. 

Companhias do setor madeireiro, como a BrasPine, Grupo Ipumirim, Fergubel e Sudati, têm forte histórico exportador para os norte-americanos, com produção voltada principalmente para o mercado de móveis, portas, painéis e MDF. As empresas ainda não se posicionaram, mas a estimativa do setor é de que as tarifas possam comprometer fortemente a competitividade e viabilidade de manter as atuais linhas de exportação ao mercado norte-americano.

A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) caracterizou o momento como o “início de um colapso”. Informou que “a maioria dos contratos está sendo cancelada pelos importadores norte-americanos e muitos embarques foram suspensos. Para piorar a situação, o setor possui, aproximadamente, 1.400 contêineres com produtos já embarcados e em trânsito marítimo para os Estados Unidos”.

JBS, uma das maiores companhias globais de proteína animal, é outra das empresas afetadas. Embora grande parte da operação da JBS já seja realizada nos EUA, sua matriz brasileira pode ser afetada por restrições a remessas de lucros ou componentes industriais.

Esta reportagem será atualizada caso haja contato das empresas procuradas pelo Poder360. Eis a lista das companhias contatadas por este jornal digital:

Leia mais

Por: Poder360

Artigos Relacionados: