As estatais federais registraram deficit de R$ 3,91 bilhões no acumulado de janeiro a junho de 2025. É o maior saldo negativo nominal para o período na série histórica, iniciada em 2002, e o 3º consecutivo. Aumentou 35,1% em relação ao mesmo período de 2024.
O último superavit no semestre foi em 2022, quando totalizou R$ 6,4 bilhões. Os dados constam no relatório “Estatísticas Fiscais”, divulgado pelo BC (Banco Central) nesta 5ª feira (31.jul.2025).
As empresas estatais estaduais e municipais também terminaram o semestre no negativo, como mostra o infográfico abaixo:
A necessidade de financiamento do setor público no caso das estatais representa o saldo entre receitas e despesas primárias das empresas controladas pelo governo — excluindo os gastos com pagamento de juros da dívida.
Os dados são de natureza contábil-fiscal, compilados pelo Banco Central, e indicam se essas empresas estão tendo superavit (sobra de recursos) ou deficit (necessidade de aporte de recursos públicos) em suas operações.
O levantamento não considera a Petrobras e as estatais financeiras, como o BB (Banco do Brasil), a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O desempenho pode sinalizar o grau de eficiência administrativa e o impacto sobre o equilíbrio das contas públicas. Deficit constante, por exemplo, indica que as empresas estão operando com despesas superiores às receitas, o que pode pressionar o Tesouro Nacional a realizar aportes financeiros ou garantias.
O indicador também reflete o efeito de políticas públicas que exigem subsídios, investimentos ou mudanças tarifárias que afetam a lucratividade dessas empresas.
Para o MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), as estatísticas do Banco Central não são a forma mais apropriada de avaliar a saúde financeira das estatais.
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, declarou, em 23 de abril, que a contabilidade do Banco Central é fiscal e desconsidera informações contábeis das companhias. Afirmou haver empresas que apresentam deficit nos dados do BC, mas registraram lucro líquido.
A ministra citou o caso do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), que, segundo ela, tiveram balanços positivos.
O lucro líquido do Serpro foi de R$ 685 milhões no ano passado. Já a Dataprev teve lucro de R$ 508,2 milhões, mas houve queda em relação a 2023 (R$ 598,6 milhões).
“Dessas 11 [empresas que apresentaram deficit], 9 tiveram lucros”, disse Esther em abril. “Se você procurar qualquer empresa privada, ninguém conhece o deficit, porque essa contabilidade só faz sentido na lógica fiscal, que é pegar exclusivamente as receitas daquele ano contra as despesas daquele ano”, completou.