• Quinta-feira, 31 de julho de 2025

“Dinossauros surtam”, diz BYD sobre críticas de montadoras

Grandes empresas do setor enviaram carta a Lula criticando a medida de incentivo que beneficiará a montadora chinesa BYD

A montadora chinesa BYD divulgou nota nesta 4ª feira (30.jul.2025) dizendo ser “atacada por concorrentes obsoletos” e respondendo às críticas feitas por 4 montadoras em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As empresas citaram o impacto que o incentivo à produção de carros cujas peças e componentes são 100% produzidos no exterior terá no setor.

A medida está pronta para ser adotada pelo governo. As montadoras mais beneficiadas devem ser as chinesas. Por esse sistema, conhecido como SKD (Semi Knocked Down), a empresa raramente contrata fornecedores no Brasil e a criação de empregos é muito pequena.

Dizem que o futuro chega de repente. Mas, às vezes, o que chega de repente é o e-mail. O da vez foi uma carta enviada por 4 das maiores montadoras brasileiras ao presidente da República, implorando para ele abortar a inovação. É isso mesmo: pedem, com todas as letras, que o governo impeça a redução temporária dos impostos para quem ousa oferecer carros melhores por um preço mais justo”, disse a BYD na nota (íntegra – PDF – 40 kB).

A carta (íntegra – PDF – 8 kB) foi enviada em junho e é assinada pelos presidentes de Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis. Nela, as montadoras estimam que, com a medida do governo, deixarão de contratar 10.000 trabalhadores e que 5.000 empregados atuais poderão ser demitidos.

O texto ressalta que o impacto não se restringiria só às montadoras. Para cada trabalhador demitido nessas empresas, outros 10 empregos podem ser perdidos na rede de fornecedores, ampliando o efeito negativo sobre toda a cadeia produtiva automotiva.

Lula não respondeu à carta conjunta. A correspondência também foi enviada para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) e para Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e também ministro da Indústria e do Comércio.

Rui Costa fez carreira na Bahia, onde foi governador por 2 mandatos. É lá que está o grande investimento da chinesa BYD, que vai se beneficiar da medida que está para ser editada pelo governo Lula e incentivar a produção de carros no sistema SKD.

A carta tem o tom dramático de quem acaba de ver um meteoro no céu”, disse a BYD, acrescentando que o problema real é que “o meteoro” está sendo bem recebido pelos consumidores.

Chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam. Não foi por acaso que uma concorrente reduziu o valor de um modelo elétrico em mais de 100 mil reais depois da chegada da BYD. Por que antes custava tanto?”, declarou.

A montadora refuta que haja concorrência desleal. Disse que suas ações não representam “um atalho” ou “esperteza fiscal”, mas são para levar ao consumidor brasileiro “veículos mais limpos, mais seguros, mais conectados e com custo-benefício justo”.

Lê-se na carta: “A redução temporária de imposto que a BYD pleiteia segue uma lógica simples e razoável: não faz sentido aplicar o mesmo nível de tributação sobre veículos 100% prontos trazidos do exterior e sobre veículos que são montados no Brasil, com geração de empregos locais, movimentação da cadeia logística e pagamento de encargos. Isso não é nenhuma novidade, outras montadoras já adotaram a mesma prática antes de ter a produção completa local”.

Segundo a BYD, o “incômodo das concorrentes” não tem a ver com impostos, montagem ou empregos. “Tem a ver com a perda de protagonismo. Com o fato de que um novo ‘player’ chegou oferecendo mais e cobrando menos. Com o fato de que a tecnologia finalmente deixou de ser um luxo para poucos e virou realidade para muitos”, afirmou.

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Por: Poder360

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