• Terça-feira, 25 de março de 2025

Com Bolsonaro, Tarcísio fala sobre elogio a urnas e nega que esteja recebendo 'o bastão' para 2026

Tarcísio e Bolsonaro estiveram juntos em uma entrevista ao vivo no podcast Inteligência Ltda, um dia antes de sessão no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (25) que vai decidir se o ex-presidente se torna réu por liderar uma trama golpista

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (24) não ter havido contradição entre elogiar as urnas na última quinta-feira (20) e estar ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), crítico contumaz do dispositivo. Ele também afirmou que não apoiaria Bolsonaro "de jeito nenhum" em um golpe e negou ser seu sucessor na vaga a presidente em 2026.

 

O governador disse que ressaltar aspectos positivos sobre a Justiça Eleitoral não significa dizer que não há o que melhorar. A justificativa se deu depois que o elogio do governador irritou bolsonaristas, que veem Tarcísio como possível sucessor de Bolsonaro caso o ex-mandatário não restitua a elegibilidade a fim de concorrer nas eleições de 2026, cenário considerado o mais provável para o pleito.

Tarcísio e Bolsonaro estiveram juntos em uma entrevista ao vivo no podcast Inteligência Ltda, um dia antes de sessão no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (25) que vai decidir se o ex-presidente se torna réu por liderar uma trama golpista.

Sobre as próximas eleições presidenciais, Bolsonaro negou "passar o bastão" a Tarcísio ou a qualquer outro convidado. "Eu só passo o bastão só depois de morto", afirmou.

Em outro momento da entrevista, no entanto, afirmou "a gente vê na época, se for o caso", sobre a possibilidade de seu campo político ter um plano B caso permaneça inelegível.

A respeito do tema, Tarcísio afirmou que "as pessoas, eu acho que interpretam errado a proximidade, o apoio" e que estará junto de Bolsonaro "neste momento independente de qualquer interesse." "Não é justo tirar o Bolsonaro do jogo. É um candidato superviável, a maior liderança da direita. Como eu falei, é o cara que me abriu a porta", afirmou o governador.

Ele disse não ter dúvida de que Bolsonaro possa ganhar a próxima eleição e que vai estar junto do aliado "até debaixo d'água". "Não tem passagem de bastão", falou.

O governador foi criticado por uma internauta, que disse que nenhum nome substitui Bolsonaro e questionou o por quê da proximidade de Tarcísio com o STF e Lula, ao que ele respondeu serem relações institucionais a favor de São Paulo.

Na entrevista, Bolsonaro negou mais uma vez ter havido uma tentativa de golpe. O ex-presidente admitiu ter discutido o estado de defesa e de sítio, mas disse que não havia contexto para o golpismo.

"Dos 23 ministros meus, tu acha que no caso de um golpe, quem ficaria comigo? Acredito que nenhum. Eu seria um golpista solitário."

Questionado pelo apresentador se estaria ao lado do ex-presidente no caso de uma tentativa de golpe, Tarcísio afirmou "de jeito nenhum". Depois da fala do governador, Bolsonaro completou o raciocínio.

"Você não pode achar uma companheira hoje e ter um filho no mês que vem. Tem que esperar no mínimo uns sete meses. Um golpe é a mesma coisa. Tem que ter contato no Parlamento, na imprensa, classe empresarial, fora do Brasil, todas as Forças Armadas envolvidas, todas, sem exceção", afirmou, completando que não era este o cenário nos ataques do 8 de janeiro de 2023.

Bolsonaro também afirmou que não procede a acusação de que havia um planejamento de golpe em relação ao qual o então chefe da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, não teria concordado. Para argumentar que a informação não procede, disse que "se mandasse plantar bananeira", o chefe da Aeronáutica o faria.

Ele também afirmou que uma pena alta imposta a Débora Rodrigues dos Santos, que escreveu "perdeu, mané" na estátua da Justiça nos ataques do 8 de janeiro, seria para justificar 30 anos de cadeia a ele.

Já Tarcísio minimizou a participação da pichadora nos ataques, disse não ter sido feliz o posicionamento do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que disse que o projeto de anistia não deveria ser analisado agora pelo Congresso, e afirmou que seu partido vai apoiar a aprovação do benefício.

O julgamento no STF da participação de Débora nos ataques foi interrompido nesta segunda-feira depois que o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o caso. O placar até o momento é de 2 a 0 pela condenação de Débora a 14 anos de prisão, segundo os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

Bolsonaro finalizou a participação na entrevista pedindo a "Deus que ilumine o ministro Fux" por ter pedido vista no julgamento de Débora e que Deus "ilumine" também os cinco ministros do STF que participam de seu julgamento nesta terça.

Disse esperar que o pedido de vista de Fux seja um "ponto de inflexão" no julgamento de Débora e na maneira como seus processos estão sendo conduzidos em Brasília.

Participou também da entrevista com Tarcísio e Bolsonaro o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Ele afirmou estar focado em falar aos congressistas dos EUA sobre a "perseguição política" enfrentada pelo pai.

Com a iminência de se tornar réu, Bolsonaro tem feito uma ofensiva para tentar driblar a Justiça, pressionando aliados por anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e propondo mudanças na Ficha Limpa, além de outras frentes de pressão.

O ex-mandatário é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.

Se virar réu e for condenado, pode pegar mais de 40 anos de prisão e aumentar sua inelegibilidade, que atualmente vai até 2030.

Leia Também: Jair Bolsonaro pode ser preso? Entenda como será o julgamento

Por: NOTÍCIAS AO MINUTO

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