• Segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Austrália aposta na clonagem de cavalos e bovinos de elite

Tecnologia de clonagem preserva genética de animais campeões e abre um mercado milionário para criadores na Austrália.

Tecnologia de clonagem preserva genética de animais campeões e abre um mercado milionário para criadores na Austrália. A clonagem animal, antes restrita a laboratórios de pesquisa e casos experimentais, hoje já é um negócio consolidado na Austrália. Empresas especializadas oferecem a criadores, pecuaristas e até donos de animais de estimação a possibilidade de preservar e replicar a genética de indivíduos raros, seja por razões esportivas, produtivas ou afetivas. Um exemplo é a história de Easter, uma égua puro-sangue com grande potencial para o polo, filha de um campeão das corridas australianas. Após morrer de cólica aos 4 anos, Easter ganhou uma “nova chance” por meio da clonagem. Seu proprietário, John Farren-Price, fundou a Catalina Equine, empresa que desde 2017 já clonou mais de 80 cavalos em sua fazenda de 80 hectares às margens do Rio Hawkesbury, próximo a Sydney.
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    O processo, chamado de transferência nuclear de células somáticas, consiste em retirar o núcleo da célula de um animal e inseri-lo no óvulo de outro, cujo núcleo foi removido. Esse embrião é implantado em uma barriga de aluguel, que dará à luz um clone — geneticamente idêntico ao doador. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});O método ficou famoso em 1996 com a ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta. No caso dos cavalos, a gestação leva cerca de 11 meses. O primeiro clone equino nasceu na Itália em 2003, e desde então a prática se espalhou por países como Argentina, EUA e Brasil, especialmente no polo e na reprodução de animais de elite. clonagem de cavalos
    Seis clones de um cavalo de polo chamado Rex foram criados, incluindo este jovem pônei, o quinto clone, chamado Charlemagne. 
    ( ABC Science: James Bullen )
    A Catalina cobra cerca de US$ 50 mil/animal para a clonagem de cavalos, valor considerado acessível por criadores que buscam preservar genética de alto desempenho. Já a clonagem de bovinos gira em torno de US$ 15 mil, utilizada principalmente para manter linhagens raras de raças leiteiras e zebuínas. Além de cavalos e gado, empresas australianas também atuam como intermediárias para quem deseja clonar animais de estimação no exterior. Em países como EUA, China e Coreia do Sul, companhias como a Viagen chegam a cobrar US$ 50 mil para cães e gatos. Outro serviço em expansão é o chamado “pacote de proteção genética”, em que células de animais de elite são congeladas e armazenadas como forma de seguro contra doenças ou perdas no rebanho. Apesar dos avanços, a clonagem ainda enfrenta desafios de eficiência. No caso de Dolly, foram necessários 277 embriões para que apenas um resultasse em nascimento. A taxa de sucesso atual varia de 1% a 20%, dependendo da espécie.
    A bezerra clonada Dasha em 2017. Foto: Divulgação
    Há também questionamentos sobre a longevidade dos clones. Dolly viveu apenas 6 anos, mas estudos posteriores mostram que clones podem ter expectativa de vida normal. A égua Prometea, primeira clonada, ainda está viva na Itália aos 22 anos. Na Catalina, o índice de sucesso é elevado: cerca de 60% dos embriões transferidos resultam em potros viáveis. Entre os destaques está Samsara, clone da égua Easter, que já segue em treinamento para o polo. Outro caso é o cavalo Rex, que já tem seis clones vivos e deve chegar a nove em breve, todos com desempenho promissor no esporte. O uso da clonagem desperta debates éticos, sobretudo quando se projeta a possibilidade de clonar humanos — algo proibido em todo o mundo. Ainda assim, especialistas consideram inevitável que tentativas ocorram no futuro, dado o avanço da biotecnologia. No campo esportivo e na pecuária, porém, a tendência é de expansão comercial da clonagem. Para criadores, trata-se de uma oportunidade de resguardar genética de alto valor. Já para o consumidor, produtos derivados de descendentes de animais clonados já circulam sem diferenciação em mercados como Austrália e Nova Zelândia, onde não há regulamentação específica. O certo é que a clonagem deixou de ser ficção científica e se tornou uma realidade prática e rentável, capaz de redefinir o futuro da reprodução animal.
    Por: Redação

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