• Quarta-feira, 25 de junho de 2025

Após escalada de conflito no Irã, Xi Jinping não virá ao Brics no Rio

Após escalada de conflito no Irã, Xi Jinping não virá ao Brics no Rio |

O presidente da China, Xi Jinping, desistiu de vir ao Brasil para a cúpula do Brics daqui a duas semanas, em 6 e 7 de julho, no Rio. Enviará o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, segundo apurou o Poder360. O Itamaraty nega haver confirmação da ausência, mas o Palácio do Planalto já foi avisado pelos chineses.

A ausência do presidente do país asiático se dá em um momento de tensão no Oriente Médio, com o conflito entre Israel e Irã. O país persa é integrante pleno do Brics desde o último ano.

O grupo —formado também por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Indonésia— disse nesta 3ª feira (24.jun.2025) estar preocupado com os ataques militares contra o Irã.

A nota foi publicada horas depois do anúncio de um cessar-fogo entre Irã e Israel.

Embora não tenha citado diretamente Estados Unidos ou Tel Aviv, o bloco condenou os ataques a instalações nucleares iranianas.

“Diante do aumento das tensões, cujas consequências para a paz e a segurança internacionais, bem como para a economia global, são imprevisíveis, ressaltamos a necessidade urgente de romper o ciclo de violência e restaurar a paz”, diz o comunicado.

O Brics manifestou “profunda preocupação” com as ofensivas contra instalações nucleares “de natureza pacífica”. No sábado (21.jun), os EUA atacaram 3 instalações nucleares iranianas (Fordow, Natans e Isfahan). São considerados componentes cruciais do programa nuclear do país. 

“As salvaguardas, a segurança e a proteção nucleares devem ser sempre respeitadas, inclusive em situações de conflitos armados, a fim de resguardar as pessoas e o meio ambiente contra danos”, afirma.

Como mostrou o Poder360, a guerra no Oriente Médio poderia influenciar a pauta da reunião do bloco no Rio. À época, ainda dos primeiros ataques de Israel ao Irã, a avaliação da diplomacia brasileira era de que não haveria esvaziamento do evento. A escalada do conflito já causou a 1ª ausência, entretanto.

Para os diplomatas brasileiros, o momento de tensão internacional aumenta a importância dos debates do bloco de países emergentes. Lula, por exemplo, tem repetido críticas ao enfraquecimento do multilateralismo mundial. O tema deve também chegar às mesas de discussão do Rio.

Segundo a doutora e coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Mackenzie Rio, Fernanda Brandão, o conflito no Oriente Médio deve impactar de maneira moderada a reunião do Brics por se tratar de um bloco de perfil econômico e não abordar questões militares.

Apesar disso, ela avalia que existe um “risco muito grande” de a guerra de atrapalhar potenciais acordos comerciais. Mencionou a tensão sobre o estreito de Ormuz, controlado pelo Irã e principal caminho pelo qual o petróleo da Arábia Saudita é transportado e exportado.

Brandão também disse haver “especulações” sobre a presença incerta ou uma participação tímida do Irã na reunião de 6 e 7 de julho.

Por: Poder360

Artigos Relacionados: