Alta do Dólar Impacta Agronegócio e Exportações de Mato Grosso
A recente valorização do dólar, que alcançou R$ 5,86 nesta quarta-feira (6), está gerando efeitos mistos no setor do agronegócio em Mato Grosso. Com um impacto duplo, a alta beneficia as exportações, mas também aumenta os custos de produção, especialmente na compra de insumos dolarizados como fertilizantes e defensivos agrícolas.
De acordo com Maurício Munhoz, professor de economia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), a valorização do dólar torna produtos mato-grossenses mais competitivos no mercado internacional, gerando um saldo positivo para as exportações. “O produto se valoriza lá fora, e o agro consegue talvez exportar mais, pois a referência é o dólar. Então, se o dólar aumenta, a mercadoria também aumenta, é algo automático”, explicou.
Contudo, o economista ressalta que o aumento dos custos de insumos pode reduzir as margens de lucro dos produtores, que precisam equilibrar os ganhos com os desafios adicionais da alta do dólar.
Impacto no Planejamento da Safra
Para João Birkhan, CEO da Sim Consult, o momento atual não é o mais favorável para o setor, uma vez que a safra 2023/2024 já foi, em sua maioria, negociada, e o setor está na fase de planejamento e plantio da safra 2024/2025. Segundo Birkhan, o aumento do dólar eleva diretamente os custos de produção de culturas importantes, como a soja, sem garantir um aumento proporcional no lucro.
“A soja é um produto global, cotado em dólar, e seu preço em reais sobe com o dólar. Mas os custos de produção também aumentam, o que reduz o benefício para o produtor”, afirmou.
Além disso, muitos produtores financiam suas operações em dólar, o que significa que mesmo com a alta dos preços das commodities, o aumento nos custos de insumos e financiamentos pode dificultar o lucro.
Desafios para Produtores Locais
Ilson Redivo, presidente do Sindicato Rural de Sinop, destacou que a alta do dólar impacta principalmente na compra de insumos, cujos preços são dolarizados. Fertilizantes e combustíveis, por exemplo, têm seus valores reajustados rapidamente em função da variação cambial, enquanto o preço da soja em reais demora mais para acompanhar essa alta.
Mato Grosso, líder na produção de soja, milho, algodão e pecuária no Brasil, enfrenta desafios adicionais com a oscilação do dólar. Embora a agricultura continue sendo a principal atividade econômica do estado, representando mais de 50% do PIB estadual, os custos de produção dolarizados representam uma pressão significativa nas margens do setor.