• Sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Vacina experimental contra HIV gera anticorpos em 80% dos casos

Nova formulação de vacina de mRNA contra HIV gerou anticorpos neutralizantes em 80% dos voluntários testados em ensaio clínico de fase 1

Uma vacina experimental contra desenvolvida com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), mostrou respostas imunológicas potentes em estudos com animais e humanos. Os resultados, publicados nessa quarta-feira (30/7) na revista Science Translational Medicine, indicam que a nova formulação gerou anticorpos neutralizantes em 80% dos participantes. A taxa de resposta é considerada alta, especialmente em comparação com tentativas anteriores, que enfrentaram dificuldades para induzir proteção. Como funcionam as vacinas mRNA? As vacinas mRNA levam para o corpo uma cópia sintética do RNA mensageiro, que contém instruções genéticas para produzir uma proteína do vírus. O imunizante não contém o vírus vivo ou inativado, apenas a informação para o corpo simular uma parte dele. Quando o mRNA entra nas células, ele orienta a produção de uma proteína específica do vírus. No caso do HIV, por exemplo, pode ser uma parte da estrutura externa do vírus. O corpo reconhece essa proteína como um invasor e começa a produzir anticorpos e células de defesa, preparando-se para combater o vírus real caso haja contato futuro. Como o mRNA pode ser sintetizado em laboratório com agilidade, vacinas com essa tecnologia costumam ter produção mais rápida e com menor custo. O mRNA não entra no núcleo da célula e não interage com o DNA. Ele é temporário e é eliminado pelo organismo depois de cumprir sua função. O HIV tem uma estrutura viral complexa e mutável, o que torna o desenvolvimento de vacinas particularmente desafiador. Um dos obstáculos envolve o chamado trímero do envelope viral, uma proteína que fica na superfície do HIV e serve como alvo para anticorpos. Em vacinas convencionais, esse trímero precisa ser apresentado de forma solúvel, o que deixa uma região chamada “base” exposta e acaba induzindo o ineficazes. 13 imagens A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas
O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
 
Fechar modal. 1 de 13 HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. O causador da aids ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida Arte Metrópoles/Getty Images 2 de 13 A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids Anna Shvets/Pexels 3 de 13 Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico Hugo Barreto/Metrópoles 4 de 13 O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas iStock 5 de 13 O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais iStock 6 de 13 Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Hugo Barreto/Metrópoles 7 de 13 A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos Arthur Menescal/Especial Metrópoles 8 de 13 O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus Arthur Menescal/Especial Metrópoles 9 de 13 Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus spukkato/iStock 10 de 13 O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses iStock 11 de 13 O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais Joshua Coleman/Unsplash 12 de 13 Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV iStock 13 de 13 É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo Keith Brofsky/Getty Images Vacina ligada à membrana teve melhor desempenho Para contornar o problema, os cientistas criaram duas versões da vacina de mRNA. A , com a proteína solúvel. A segunda induziu o corpo a produzir a proteína do vírus já ancorada à membrana celular, o que imita de forma mais precisa o vírus real e evita a ativação de anticorpos direcionados à base do envelope. Nos testes realizados em coelhos e macacos, a vacina ligada à membrana apresentou melhores resultados. Em seguida, os pesquisadores avançaram para um . Os participantes receberam três doses da vacina e foram monitorados quanto à segurança e resposta imunológica. Leia também O desempenho da versão ancorada à membrana foi o mais promissor, com 80% dos vacinados produzindo anticorpos neutralizantes. A fórmula com a proteína solúvel, por outro lado, teve resposta bem mais baixa, registrada em apenas 4% dos participantes. Os efeitos colaterais foram leves na maioria dos casos e não houve registros de reações graves. A única exceção foi uma taxa um pouco acima da média de urticária, observada em 6,5% dos voluntários. A partir desses dados, os pesquisadores afirmam que a abordagem com trímero ancorado à membrana representa uma plataforma promissora para o desenvolvimento clínico de uma . Além da eficácia observada, a tecnologia de mRNA oferece vantagens como produção mais rápida e custo potencialmente mais baixo, o que pode facilitar o acesso a essa possível futura vacina. Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

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