O presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), voltou a falar, nesta 6ª feira (10.out.25), sobre implementar um “aumento massivo de tarifas” sobre produtos chineses importados, em resposta à intenção da China de impor controles sobre a exportação de itens e tecnologias relacionadas às chamadas terras raras.
Em publicação no Truth Social, o republicano disse que o governo chinês enviou comunicados a diversos países manifestando essa intenção. Trump classificou a iniciativa como “hostil”. Para ele, a ação poderia afetar cadeias produtivas globais e impactar significativamente o comércio internacional.
Na 5ª feira (9.out), o ministério do Comércio da China anunciou as práticas de restrição. O ministério disse que a decisão busca evitar que tecnologias sensíveis sejam usadas para fins militares ou em áreas consideradas estratégicas fora do território chinês. As licenças de exportação serão concedidas caso a caso.
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos usados, por exemplo, na área de defesa –aviões de caça e submarinos– e em produtos modernos —smartphones, câmeras digitais e LEDs.
Segundo Trump, a China pretende restringir a exportação de terras raras e outros elementos de produção não fabricados em território chinês. O norte-americano destacou que as relações entre Estados Unidos e China vinham sendo positivas nos últimos 6 meses, o que, segundo ele, torna a atual atitude comercial chinesa surpreendente.
Trump também suscitou dúvidas sobre a data escolhida por Pequim para realizar o anúncio, já que se deu no mesmo dia em que, para o republicano, “após 3.000 anos de conflito, haveria paz no Oriente Médio”. A declaração foi em referência à assinatura do acordo de paz entre Israel e Hamas, no Egito. “Será que essa coincidência foi coincidência?”, questionou.
A medida afeta diretamente os EUA, mas também impacta outros países que dependem desses recursos provenientes da China. O presidente mencionou que nações de todo o mundo entraram em contato com seu governo para expressar indignação com a atitude chinesa.
Trump afirmou que a China acumulou uma posição de monopólio sobre “ímãs” e outros elementos estratégicos. Em tom de ameaça, o republicano destacou que os EUA também possuem posições monopolistas, “muito mais fortes e abrangentes” do que as chinesas.
O presidente norte-americano e o líder chinês, Xi Jinping (PCCH, esquerda), têm um encontro marcado para daqui a 2 semanas, em razão da reunião da APEC (Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), que será realizada na Coreia do Sul.
Na publicação, Trump colocou em xeque a possibilidade do encontro, já que “agora parece não haver motivo para isso”.
A China suspendeu a compra de soja dos Estados Unidos nos últimos meses e o tema será central na próxima conversa entre Xi e Trump.
A medida do governo chinês é estratégica para pressionar Trump. A suspensão afeta principalmente 5 Estados norte-americanos, que são os principais produtores de soja nos EUA. Em 3 –Nebraska, Iowa e Indiana–, Trump conquistou quase 60% dos votos nas eleições de 2024, enquanto que em Illinois e Minnesota, o republicano perdeu, mas teve a maioria dos votos nas zonas rurais. Dessa forma, a pressão sobre o líder norte-americano para reverter a medida vem de sua base eleitoral.
A decisão da China tem peso na economia e no setor agrícola dos EUA. O país asiático costuma ser responsável pela compra de grande parte de toda a soja norte-americana vendida ao exterior.
Com o imbróglio, o Ministério da Indústria e Comércio do Vietnã afirmou na 4ª feira (8.out) que Hanói e Washington D.C. negociam tarifas recíprocas de 20% e uma taxa de 40% sobre produtos transbordados impostas às importações vietnamitas. Segundo o Asia Times, é possível que o país compre a soja dos EUA. O Vietnã importa cerca de 8 milhões de toneladas de soja anualmente, principalmente do Brasil e da Argentina, de acordo com o Departamento de Agricultura norte-americano.