• Quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Taxa Selic é mantida em 15% ao ano pela 3ª reunião seguida

Decisão do Comitê de Política Monetária foi unânime e era esperada pelos agentes do mercado financeiro.

O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a taxa básica, a Selic, em 15% ao ano pela 3ª reunião consecutiva. A decisão foi unânime e era esperada pelos agentes do mercado financeiro. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 95 kB).

O colegiado é formado pelo presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, e os 8 diretores da autoridade monetária. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou 7 das 9 cadeiras que ocupam o comitê. Nenhum dos nomeados pelo governo atual votou para cortar a Selic em 2025.

O objetivo do Copom é levar a inflação para o centro da meta, que é de 3%. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa anualizada do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 5,17% em setembro.

O percentual está 2,17 pontos percentuais acima do objetivo inflacionário do Banco Central. Há, no entanto, margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, o que dá uma possibilidade de a inflação atingir até 4,5% sem descumprir a meta.

Os analistas do mercado financeiros ouvidos pelo Banco Central indicam que a inflação terminará 2025 a 4,55%, o que é 0,05 ponto percentual acima do teto da meta. Em setembro, a taxa anualizada do IPCA completou 12 meses fora do intervalo permitido.

Em julho, o Banco Central anunciou que a inflação voltaria a ficar abaixo de 4,5% no 1º trimestre de 2026. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que a taxa ficará dentro do patamar permitido já em dezembro deste ano.

O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu manter a meta de inflação em 3% em 2024. Esse objetivo inflacionário será contínuo até que haja uma nova votação, mas é necessário um prazo de 36 meses de antecedência o patamar entrar em vigor.

O órgão é o responsável por decidir qual é a meta de inflação. O colegiado é composto por:

 Todos os 9 integrantes do Copom optaram por manter a Selic em 15% ao ano. Leia abaixo:

Os mandatos de Renato Dias de Brito Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução) e Diogo Abry Guillen (Política Econômica) terminam em 31 de dezembro de 2025 no Banco Central. Eles foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula terá que indicar, em 2025, outros 2 nomes que terão que passar por aprovação na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e no plenário do Senado.

Haddad e Lula criticavam o patamar de juros durante a gestão do então presidente do BC Roberto Campos Neto, que ficou no cargo de fevereiro de 2019 a dezembro de 2024. Atribuíam a taxa Selic elevada ao governo anterior.

Leia mais:

O governo Lula passou a ter maioria das cadeiras do Copom em janeiro de 2025. De lá para cá, foram 7 reuniões. Todos os diretores indicados pelo presidente optaram em votar por uma alta acumulada de 12,25% para 15% da Selic neste ano. Eles também decidiram manter o patamar de juros em 15% ao ano por 3 reuniões consecutivas.

O “Banco Central de Bolsonaro” começou a ser desconfigurado em 2023, quando 2 mandatos de diretores indicados pelo ex-presidente da República encerraram e Lula escolheu Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para ocupar os espaços. Mais duas vagas foram preenchidas pelo governo do petista em janeiro de 2024: Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.

Em dezembro de 2024, os mandatos de Roberto Campos Neto e mais 2 diretores do Banco Central terminaram. O Poder360 mostrou que, de agosto de 2023 a dezembro de 2024, os diretores indicados por Lula só divergiram do voto do ex-presidente da autoridade monetária indicado por Bolsonaro uma vez.

O ministro da Fazenda isentou o presidente do Banco Central da responsabilidade dos juros a 15% num 1º momento. Até setembro de 2025, passadas 6 reuniões do Copom neste ano, Haddad afirmou que Galípolo assumiu “agora” e que a transição de cargo com Campos Neto foi “muito complexa”.

E completou: “Isso ainda não foi devidamente diagnosticado, o que vivemos de abril a dezembro do ano passado. A verdade ainda vai vir à tona”.

Galípolo nunca concordou publicamente com essas declarações Haddad. Ele defende a Selic a 15% por período “prolongado”. Em dezembro de 2024, o presidente do BC afirmou que a transição de cargo foi entre “amigos” com Campos Neto. Em outra oportunidade, Galípolo afirmou que o processo de passada do bastão foi “exemplar”.

Haddad defendeu ao longo de 2025 que há espaço para cortes de juros. Na véspera do Copom desta 4ª feira (5.nov), o ministro afirmou que votaria para reduzir a Selic se fosse diretor do Banco Central. Para ele, é insustentável que os juros reais –corrigidos pela inflação–  ficam perto de 10% ao ano.

O ministro afirmou ainda que há uma “teimosia” de agentes financeiros em relação às projeções econômicas, em especial da inflação. Defendeu que há “gente torcendo contra esse país”, o que atrapalha na redução das expectativas de inflação, usadas pelo BC para orientar a política monetária.

Em 20 de outubro, Lula disse que o BC vai precisar começar a abaixar os juros.

Por: Poder360

Artigos Relacionados: