O Brasil tem a oportunidade de criar uma revolução logística no transporte de cargas pesadas, deslocando a matriz do óleo diesel para o GNL (Gás Natural Liquefeito) e, futuramente, para o Bio-GNL, sem depender da malha de gasodutos.
A avaliação é do fundador da VirtuGNL, José Moura Jr. Ele falou ao Poder360 nesta 4ª feira (5.nov.2025) depois de participar do seminário “Energia e desenvolvimento regional: convergência para o Brasil do Futuro”. O evento foi promovido pela Eneva, parceira da VirtuGNL, em conjunto com este jornal digital, no B Hotel, em Brasília.
“O nosso mandato, a nossa tese de investimento, é um desenvolvimento e deslocamento do frete a diesel para o frete a gás”, disse Moura.
Segundo o empresário, a transição começa com o GNL fóssil, que já proporciona benefícios ambientais significativos: uma redução de 20% a 25% nas emissões de CO2 e de 95% nas emissões de NOx (óxidos de nitrogênio) e SOx (óxidos de enxofre) em comparação com o diesel.
O principal diferencial da tese da VirtuGNL é a independência da infraestrutura de gasodutos. Moura declarou que, enquanto os gasodutos exigem um “desafio de escala” muito grande para que o investimento pare em pé financeiramente, o GNL é “flexível”.
“A grande diferença é, como nossos pontos de abastecimento são todos no GNL, não preciso de gasoduto para abastecer o caminhão a gás”, reiterou.
Essa flexibilidade permite que a empresa desenvolva “grandes plantas, pequenas plantas e micro plantas”, viabilizando projetos piloto até mesmo para clientes de pequeno porte, como padarias.
A estratégia da VirtuGNL passa pela criação de “corredores” logísticos com postos de abastecimento próprios. A empresa já desenvolve rotas no Maranhão e no Pará e tem um plano de negócios para escoar o GNL até o Sudeste, chegando às principais rodovias federais no fim de 2026 e início de 2027.
O mercado potencial é vasto: o transporte rodoviário no Brasil consome cerca de 120 milhões de litros de diesel por dia. A VirtuGNL estima uma inserção de 1.500 a 3.000 caminhões a GNL por ano.
Para que a tecnologia se consolide, Moura cita 2 desafios centrais: a segurança jurídica dos contratos e a velocidade das agências reguladoras em acompanhar a inovação.
“A ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis] está dentro da nossa companhia hoje, fazendo toda a avaliação técnica desse novo modal de combustível. É preciso velocidade no tratamento dos novos conceitos para destravar investimentos.”
A empresa atua em parceria com a Scania, que produz os caminhões adaptados no Brasil, e com a Eneva, de quem compra a molécula de GNL no Campo do Parnaíba (MA).





