Nenhum diretor indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votou para cortar a taxa básica, a Selic, em 2025. O BC (Banco Central) decidiu nesta 4ª feira (4.nov.2025) manter novamente os juros em 15% ao ano. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 95 kB).
Foram 7 reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) neste ano. Todas tiveram decisões unânimes para subir ou manter no patamar de juro que já estava.
Nesta 4ª feira (5.nov), os 9 integrantes do Copom optaram por manter a taxa Selic pela 3ª reunião consecutiva no mesmo patamar. O juro-base aumentou de 12,25% para 15% ao ano no acumulado de 2025.
Leia o infográfico abaixo:

O presidente Lula indicou 7 dos 9 ocupantes dos cargos que formam o Copom. São eles:
Os mandatos de Renato Dias de Brito Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução) e Diogo Abry Guillen (Política Econômica) terminam em 31 de dezembro de 2025 no Banco Central. Eles foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula terá que indicar, em 2025, outros 2 nomes que terão que passar por aprovação na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e no plenário do Senado.
Haddad e Lula criticavam o patamar de juros durante a gestão do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto, que ficou no cargo de fevereiro de 2019 a dezembro de 2024. Atribuíam a taxa Selic elevada ao governo anterior.
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O governo Lula passou a ter maioria das cadeiras do Copom em janeiro de 2025. De lá para cá, foram 7 reuniões. Todos os diretores indicados pelo presidente optaram em votar por uma alta acumulada de 12,25% para 15% da Selic neste ano. Eles também decidiram manter o patamar de juros em 15% ao ano por 3 reuniões consecutivas.
O “Banco Central de Bolsonaro” começou a ser desconfigurado em 2023, quando 2 mandatos de diretores indicados pelo ex-presidente encerraram e Lula escolheu Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para ocupar os espaços. Mais duas vagas foram ocupadas pelo governo atual em janeiro de 2024: Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.
Em dezembro de 2024, os mandatos de Roberto Campos Neto e mais 2 diretores do Banco Central terminaram. O Poder360 mostrou que, de agosto de 2023 a dezembro de 2024, os diretores indicados por Lula só divergiram do voto do ex-presidente da autoridade monetária indicado por Bolsonaro uma vez.
O ministro da Fazenda isentou o presidente do Banco Central da responsabilidade dos juros a 15% num primeiro momento. Até setembro de 2025, passadas 6 reuniões do Copom neste ano, Haddad afirmou que Galípolo assumiu “agora” e que a transição de cargo com Campos Neto foi “muito complexa”.
E completou: “Isso ainda não foi devidamente diagnosticado, o que vivemos de abril a dezembro do ano passado. A verdade ainda vai vir à tona”.
Galípolo nunca concordou publicamente com essas declarações Haddad. Ele defende a Selic a 15% por período “prolongado”. Em dezembro de 2024, o presidente do BC afirmou que a transição de cargo foi entre “amigos” com Campos Neto. Em outra oportunidade, Galípolo afirmou que o processo de passada do bastão foi “exemplar”.
Haddad defendeu ao longo de 2025 que há espaço para cortes de juros. Na véspera do Copom desta 4ª feira (5.nov), o ministro afirmou que votaria para reduzir a Selic se fosse diretor do Banco Central. Para ele, é insustentável ter juros reais –corrigidos pela inflação– perto de 10% ao ano.
O ministro afirmou ainda que há uma “teimosia” de agentes financeiros em relação às projeções econômicas, em especial sobre a inflação. Defendeu que há “gente torcendo contra esse país”, o que atrapalha na redução das expectativas de inflação, usadas pelo BC para orientar a política monetária.





