“Só falta o depoente chegar aqui e urinar na mesa.” A frase foi dita aos jornalistas pelo relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), ao criticar o comportamento do ex-presidente do órgão Alessandro Stefanutto durante a sessão desta 2ª feira (13.out.2025). O parlamentar afirmou que a postura de investigados amparados por habeas corpus “beira o absurdo” e desrespeita a comissão.
Durante o depoimento, Stefanutto recusou-se a responder às perguntas do relator, alegando direito ao silêncio garantido por decisão do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal). A atitude provocou embates com Gaspar e levou à suspensão da sessão por duas vezes, ambas motivadas por tumultos entre o relator, o depoente e parlamentares da base e da oposição.
Outras interrupções ocorreram de forma acordada entre o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a defesa de Stefanutto, por conta da condição médica do depoente, que é diabético e precisa se alimentar em horários determinados. Uma delas durou 40 minutos. Segundo Viana, as pausas foram necessárias para preservar o andamento dos trabalhos “com serenidade e respeito”.
Gaspar, porém, reforçou críticas à postura do ex-presidente do INSS e disse que os depoentes vêm demonstrando “tom de deboche” e “falsa sensação de imunidade”. “A apresentação dessas justificativas [preventivas] confere aos depoentes uma falsa sensação de imunidade. A meu ver, beira o absurdo. Se estivesse na posição do presidente, teria determinado a prisão por desacato”, afirmou.
O relator disse ainda que há indícios de que Stefanutto tenha autorizado descontos indevidos em benefícios previdenciários, contrariando uma instrução normativa assinada por ele próprio. Segundo Gaspar, o caso teria causado prejuízo a mais de 1,2 milhão de beneficiários, dos quais 97% negaram ter autorizado as cobranças. Ele também mencionou supostos acordos com a Crefisa, presidida por Leila Pereira, que devem ser analisados pela comissão no início de 2026.
Gaspar afirmou que seguirá “sem medo” das pressões políticas e que pretende identificar todos os responsáveis por irregularidades no INSS. “Nem tenho medo de cara feia, nem tenho medo de bandido perigoso, nem tenho medo de ladrão de milhões. […] O que interessa para a gente é que aposentados e pensionistas tenham seu dinheiro de volta e que esses grandes bandidos da nação estejam presos”, declarou.