A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados vai ingressar com uma representação formal na Corregedoria Parlamentar contra o deputado Evair de Melo (PP-ES) por ofender a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na 4ª feira (2.jul.2025).
As falas do deputado foram classificadas pela secretaria como “desrespeitosas” e “incompatíveis com os princípios democráticos e com o decoro” congressistas. Na 4ª feira, durante seu tempo de discurso, o deputado Evair de Melo chamou a ministra de “adestrada” e comparou sua atuação com a dos grupos Farc, Hamas e Hezbollah.
“Diante da gravidade do episódio, a Secretaria da Mulher, no uso de suas atribuições regimentais, informa que encaminhará representação formal à Corregedoria Parlamentar para que as medidas cabíveis sejam adotadas”, declara o texto.
A Secretaria também afirmou que atuará com a mesma determinação em outros casos em que deputadas sejam desrespeitadas na Câmara.
A manifestação foi uma resposta ao comportamento do congressista durante a sessão da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara. Na ocasião, Marina Silva, respondeu com ironia ao deputado Evair de Melo, que a questionava se conhecia pesquisadores como o psicanalista francês Jacques Lacan. Marina disse: “Deu tempo de pesquisar, hein, deputado?”.
A Secretaria da Mulher da Câmara ainda destacou que a Casa “não pode ser conivente” com violações à Lei de Violência Política de Gênero e criticou a banalização das audiências, onde “autoridades convocadas para contribuir com o debate público são alvo de ofensas e ataques pessoais, transformando audiências em palanques de desrespeito e intolerância”.
Na 4ª feira (2.jul) O deputado Evair de Melo (PP-ES) chegou a chamar a ministra de “adestrada” e comparou sua atuação com a de grupos extremistas como as Farc, o Hamas e o Hezbollah. Também chamou Marina de “mal educada” e declarou que o ministério está em “péssimas mãos”.
O opositor foi rebatido pelo deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE): “Adestramento é utilizado para animais “, afirmou Gadêlha. O deputado da base do governo ainda pediu que Evair de Melo se desculpasse com a ministra, sem sucesso.
Marina disse que não iria rebater as acusações. “Hoje de manhã eu fiz uma longa oração e pedi a Deus para me dar calma porque eu sabia que depois do que aconteceu no Senado as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui em um nível piorado, mas acho que Deus me ouviu porque eu estou em paz”, afirmou.
Eis o texto completo da Secretaria da Mulher da Câmara:
“A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados manifesta seu repúdio aos ataques proferidos contra a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, nesta semana. A ministra foi ofendida pelo deputado Evair Vieira de Melo de forma desrespeitosa e incompatível com os princípios democráticos e com o decoro parlamentar que devem nortear os trabalhos desta Casa.
Diante da gravidade do episódio, a Secretaria da Mulher, no uso de suas atribuições regimentais, informa que encaminhará representação formal à Corregedoria Parlamentar para que as medidas cabíveis sejam adotadas. A Secretaria também atuará com a mesma firmeza em qualquer outro caso em que deputadas sejam desrespeitas. É urgente interromper a escalada de casos de violência política de gênero que têm ocorrido nas esferas federal, estadual e municipal, com o objetivo claro de intimidar e silenciar mulheres que ocupam posições de liderança.
A Câmara dos Deputados, que tem como uma de suas missões a elaboração e a defesa das leis, inclusive da Lei nº 14.192/2021, que trata da violência política de gênero, não pode ser conivente com sua violação. Nos últimos tempos, o que se tem visto é uma banalização do espaço parlamentar, em que autoridades convocadas para contribuir com o debate público são alvo de ofensas e ataques pessoais, transformando audiências em palanques de desrespeito e intolerância.
O Parlamento brasileiro tem a função essencial de fiscalizar, debater e propor soluções para o país. Substituir esse papel pela agressão e pela polarização só contribui para enfraquecer a democracia e aprofundar a cisão social. Essa prática antidemocrática não pode ser tolerada.
A Secretaria da Mulher reafirma seu compromisso com o respeito às mulheres na política e com a integridade institucional desta Casa, exigindo responsabilização por condutas que atentam contra a dignidade, a democracia e o mandato das mulheres parlamentares”.