O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta 6ª feira (26.set.2025) que o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, funcionou como uma “vacina” contra o negacionismo.
“O senhor, na verdade, aplicou uma vacina em toda a Assembleia naquele discurso. Uma vacina que impediu qualquer negacionista de brilhar na ONU”, disse Padilha, dirigindo-se ao presidente, em discurso na posse do Conselho Federal de Participação Social da Bacia do Rio Doce.
Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, Padilha também comentou a fala de Donald Trump (Partido Republicano) na ONU. O presidente dos Estados Unidos afirmou que, ao abraçar Lula nos bastidores da Assembleia Geral, houve uma “química excelente” entre eles.
“Não é à toa que rolou uma química, presidente. Não foi só pela sua empatia ou autoridade (…). O senhor mostrou que o Brasil será respeitado sem baixar a cabeça, sem abrir mão da soberania e sem bater continência para bandeira de outro país”, disse Padilha.
No discurso da 80ª Assembleia Geral da ONU, Lula afirmou que a democracia e a soberania do Brasil são “inegociáveis” e criticou sanções unilaterais e ingerências externas que tentem restringir liberdades nacionais.
Segundo Padilha, foi a 1ª vez que esteve com Lula desde sua volta de Nova York. O ministro não participou da abertura da Assembleia Geral “por razões que todos sabem”, disse o ministro.
Padilha não foi a Nova York por causa de restrições impostas pelo governo americano. Os EUA concederam a ele um visto diplomático, mas com limitações a sua circulação a poucos quarteirões da sede da ONU. Ele também ficou impedido de viajar para o encontro da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em Washington, no fim de setembro.
Os EUA sancionaram Padilha por sua participação na criação do programa Mais Médicos, que manteve um acordo com a Opas de 2013 a 2018 para a contratação de profissionais de saúde cubanos. Parte do dinheiro ficava com o governo da ilha caribenha. A administração Trump sustenta que o programa serviu para financiar o regime de Cuba.
Junto com Padilha, Lula participou nesta 6ª feira (26.set) da posse do Conselho Federal de Participação Social da Bacia do Rio Doce e Litoral Norte Capixaba. Durante o evento, o Ministério da Saúde anunciou R$ 1,6 bilhão em investimentos em 48 municípios da região.
Estiveram presentes na cerimônia outros ministros: Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Jorge Messias (AGU), Márcio Macêdo (Secretaria da República) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além de representantes de movimentos sociais.
Os recursos vão financiar a construção e reforma de UBS (Unidades Básicas de Saúde), UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), Caps (Centros de Atenção Psicossocial), policlínicas e hospitais. Também foram estabelecidos a criação de centros de referência para monitoramento da qualidade da água e atendimento de pessoas expostas a substâncias tóxicas.
Segundo o governo, 51% do montante será repassado diretamente às prefeituras. Até o fim de 2026, a soma chegará a R$ 826 milhões, sendo R$ 562,6 milhões liberados ainda este ano.
Entre as obras confirmadas estão o Hospital-Dia de Santana do Paraíso (MG) e um hospital universitário em Mariana (MG), ligado à Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto).
O conselho terá poder deliberativo sobre um fundo popular de R$ 5 bilhões destinado a projetos das comunidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015.