Mpox: o que se sabe sobre a nova cepa identificada no Brasil
Mulher de 29 anos, moradora de São Paulo, foi a 1ª paciente a ser diagnosticada com o Clado Ib do vírus mpox no país
O Ministério da Saúde confirmou, na sexta-feira (7/3), o primeiro caso de mpox provocado pelo clado 1b no país. Até então, os diagnósticos eram relacionados apenas à variante 2b, que se espalhou globalmente em 2022.
A , moradora da região metropolitana de São Paulo. Ela informou às autoridades que teve contato com uma família do Congo, onde há grande circulação do vírus.
“Apesar de a gente esperar que em algum momento essa cepa chegaria ao Brasil, é uma preocupação. A introdução dela pode levar a quadros mais graves, principalmente em populações mais vulneráveis, como pacientes imunossuprimidos e com HIV”, aponta o médico Alberto Chebabo, infectologista da Dasa.
Médicos ouvidos pelo Metrópoles esclarecem as principais dúvidas sobre o mpox e explicam quais são as principais diferenças entre as cepas do vírus.
Quais são as diferenças entre as cepas?
De acordo com o médico Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a as diferenças entre os clados 2b e 1b da mpox estão relacionadas à forma como a doença se manifesta, à gravidade dos sintomas e à forma de transmissão.
Quais são os sintomas na nova cepa da mpox?
O clado 1b, detectado recentemente no Brasil, causa lesões que podem ser espalhadas pelo corpo ou aparecer em áreas específicas. Já o clado 2b, que se espalhou globalmente em 2022, costuma causar lesões principalmente na região anogenital.
“Adultos tendem a desenvolver lesões principalmente na região genital e urinária, enquanto crianças apresentam uma erupção mais espalhada pelo corpo”, afirma Barbosa.
Além das erupções na pele, o pacientes com mpox também costumam apresentar sintomas como febre, gânglios, cansaço e outros sinais inespecíficos.
A nova cepa é mais perigosa?
Quando o clado 1b foi identificado no Congo, os médicos notaram pacientes com quadros que evoluíam com maior risco de complicação, internação hospitalar e óbitos. No entanto, a cepa não teve o mesmo comportamento fora do país africano. Os se mostraram mais brandos.
O infectologista Alberto Chebabo explica que ainda é cedo para saber como a cepa se comportará no Brasil. Mais estudos precisam ser feitos para entender o vírus. “É uma cepa que ainda está em observação para ver como as infecções vão evoluir, se serão mais graves do que as cepas anteriores (do clado A) e se vão evoluir com quadros mais graves ou não, como aconteceu no Congo”, explica Chebabo.
Ela é mais transmissível?
Embora demonstre ser mais grave, a cepa do clado 1b parece ter a capacidade de transmissão semelhante às anteriores.
“É uma cepa que tem uma capacidade de transmissão bastante importante, principalmente no contato íntimo e sexual. Então tem um risco grande de disseminação, da mesma forma que as cepas anteriores”, afirma Chebabbo.
O infectologista Alexandre Naime Barbosa destaca que alguns estudos indicam que o clado 1b pode ter uma transmissão mais lenta do que o 2b, com um tempo de incubação mais longo e uma taxa de reprodução menor em algumas regiões, o que pode limitar a disseminação em larga escala.
O diagnóstico e tratamento mudaram?
O diagnóstico ainda é feito pelo exame PCR do material da lesão, disponível tanto na rede pública quanto privada de saúde.
Sobre o tratamento, Barbosa explica que o , usado em pacientes com mpox no surto de 2022, pode ser menos eficaz contra a 1b em comparação com o clado 1a.
Como se proteger da mpox?
A mpox é uma doença viral transmitida principalmente pelo contato direto com lesões na pele, secreções corporais e objetos contaminados. Por isso, para reduzir o risco de infecção, é importante evitar contato próximo com pessoas que apresentem lesões suspeitas, incluindo beijos, abraços e relações sexuais.
“A higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel deve ser feita regularmente, especialmente após tocar superfícies em locais públicos. O compartilhamento de objetos de uso pessoal, como toalhas, roupas de cama e talheres, também deve ser evitado”, pontua o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
De acordo com o médico, em locais fechados e com grande circulação de pessoas, o uso de máscara pode auxiliar na redução do risco de transmissão. Além disso, a vacinação, quando disponível, é recomendada para grupos de maior risco.
O médico Alberto Chebabo recomenda também a redução do número de contatos sexuais, principalmente em localidades com alto risco de transmissão, e a utilização de preservativos para reduzir o risco de contato com o vírus e de ter a doença.
Pessoas doentes, com lesões da mpox, devem evitar ter contato com outros indivíduos, permanecendo em isolamento para diminuir o risco de transmissão inclusive dentro de casa.
Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles