• Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Moraes pede explicação a presídio após Delgatti alegar ameaças

Defesa do hacker da Vaza Jato alegou risco de vida ao requerer transferência para Tremembé, no interior de São Paulo.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes deu 10 dias na 3ª feira (5.fev.2025) para que a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo encaminhe informações sobre a segurança do hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Neto, após alegações de ameaças e risco de vida. 

Além disso, determinou que a secretaria se pronuncie sobre a “pertinência e a viabilidade” de transferência do hacker para a penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé, uma unidade que abriga presos de casos de grande repercussão.

A determinação de Moraes acolhe parecer da PGR (Procuradoria-Geral da República) que disse entender ser necessário que o administrador do presídio se pronuncie sobre a real situação para, então, opinar sobre a transferência.

Delgatti fez o pedido de transferência em 8 de janeiro. Ele se encontra no atual momento no Centro de Detenção Provisória de Araraquara. 

O hacker está preso preventivamente desde agosto de 2023 pelos crimes de falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático, em função do ingresso ilícito aos sistemas eletrônicos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). 

No pedido por transferência, a defesa de Delgatti alega “risco de vida” e diz que precisou fazer um boletim de ocorrência devido às ameaças por mensagens de texto e áudios recebidos. 

“A polarização política que temos enfrentado atualmente, enraizada em todos os setores do convívio social, até mesmo núcleos familiares, coloca o Hacker de Araraquara, como ficou conhecido, como alvo fácil dentro da prisão, tendo recebido sérias e frequentes ameaças no período em que está recolhido, na cidade de Araraquara”, afirma.

Diz ainda que a própria CPMI (Comissão parlamentar de inquérito) dos Atos Antidemocráticos encaminhou ofícios à PF (Polícia Federal), ao Ministério dos Direitos Humanos e a Moraes para colocar Delgatti, seus familiares e seus advogados no Programa de Proteção à Testemunha.

“A escolha deste estabelecimento se justifica por abrigar detentos de casos de maior repercussão, no que se encaixa o perfil do acusado. Assim, presume-se melhor preparada para preservar a integridade do custodiado, no período em que permanecer recolhido”, diz a defesa. 

Segundo o advogado do hacker, ele se tornou “notoriamente conhecido” depois das investigações da Operação Spoofing, conhecida como Vaza Jato. Na época, ele foi acusado de invadir dispositivos informáticos e celulares de políticos brasileiros.

Delgatti também teria ganhado tal notoriedade ao participar, na qualidade de testemunha, da CPI dos Atos Antidemocráticos, de agosto de 2023. Na ocasião, narrou um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) onde ele teria lhe pedido que assumisse a autoria de grampos telefônicos. Por conta disto, foi condenado pela Justiça do Distrito Federal. 

Além disso, Delgatti e a deputada Federal Carla Zambelli (PL-SP) são réus em processo no STF que apura as invasões aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Por: Poder360

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