O mundo caminha em direção a uma economia movida a dados, e a propriedade e o controle desses ativos digitais emergiram como o centro da disputa geopolítica. Nesse processo de transformação, a empresa DrumWave, fundada em Palo Alto, Califórnia, em 2015, pelo empresário brasileiro André Vellozo, defensor dos direitos à propriedade de dados, tem como missão devolver às pessoas a segurança e o controle sobre o fluxo de suas informações.
Em entrevista ao Poder360, Vellozo afirmou que “quando você dá para as pessoas acesso e propriedade dos seus dados, você está criando uma nova economia”. Para ele, empresas e indivíduos foram separados do valor dos dados que criam diariamente. Seu objetivo, portanto, é construir um ecossistema no qual os dados pessoais formem a base sólida de um modelo econômico mais inclusivo.
Eis os principais pontos defendidos por Vellozo:
Para a empresa, o dado representa um “potencial de valor”, e não só um “produto limitado”. Esse potencial é produzido diretamente pelos relacionamentos do usuário, que são simplificados e registrados como contratos digitais, permitindo que o indivíduo armazene e use esse valor.
Segundo Vellozo, a inclusão digital é crucial para combater a assimetria em um mundo onde o indivíduo não detém controle sobre seus dados. Ele argumenta que a chave está na participação ativa para criar valor —fator que pode ajudar a reduzir desigualdades econômicas.
Ele acredita que esse novo modelo “cresce a torta”, em vez de só disputar uma fatia dela. Ou seja, ao dar autonomia ao consumidor, aumenta-se o número de casos de uso, o que “gera valor novo e distribui riqueza ao mesmo tempo”.
Um ponto central da proposta da DrumWave é a distinção entre monetização e a venda de dados. O empresário explica que quando se fala em venda, assume-se que o dado é comprado e pertence a quem compra, o que não é o caso.
Ele afirma que o objetivo é permitir que o valor produzido por ele seja combinado e trocado de forma segura.
A empresa ancora sua tecnologia em 3 categorias:
Vellozo introduz o conceito das “3 fronteiras” para contextualizar a posição do indivíduo no cenário geopolítico global.
Segundo o empresário, o indivíduo precisa se relacionar com as organizações que atuam nessas fronteiras, assumindo papéis simultâneos –e sendo cobrado de diferentes formas.
Eis os papéis:
Para ele, o problema central está na sobreposição dessas cobranças e serviços. “Quando olhamos para a estrutura de licenças no mundo, percebemos que pagamos licenças sobre licenças, sem parar”, afirma. Vellozo declara que essa dinâmica revela a disputa pelo valor das funções do Estado, que se tornou o foco geopolítico de 3 grandes esferas —governo, sistema financeiro e big techs—, todas competindo pelo controle dos dados individuais.
Vellozo enxerga no país vantagens culturais e tecnológicas que o colocam à frente em diversas áreas.
De acordo com ele, o brasileiro é um dos povos mais preparados para essa nova fase da economia digital, principalmente por 2 fatores:
Além disso, a cultura brasileira, “mais coletiva e voltada ao compartilhamento”, favorece o conceito de poupança de dados. Essa característica, combinada à capacidade de criar produtos financeiros inteligentes, oferece um modelo que pode ser replicado globalmente.
Entretanto, Vellozo afirma que o país precisa criar estruturas para precificar e investir em suas próprias companhias de tecnologia, inaugurando uma “2ª e 3ª leva” de inovação depois do boom do e-commerce e dos bancos digitais. Para ele, se o mundo caminha para uma economia movida a dados, é essencial que os governos definam regras e garantam que a inclusão digital e financeira acompanhe esse salto tecnológico.
Vellozo entende que a relação da DrumWave com as big techs é marcada por expansão de mercado, e não por confronto. Questionado sobre a possibilidade de resistência das gigantes à monetização de dados pelos usuários, ele respondeu que não percebe oposição significativa.
O motivo, segundo ele, é que o objetivo da DrumWave não é retirar participação de mercado das companhias existentes, mas criar um novo valor econômico. “Não estamos pegando pedaços da torta, estamos crescendo a torta”, afirma.
Essa nova riqueza surge ao permitir que o consumidor combine e use seus próprios dados em casos de uso antes impossíveis. Ainda assim, a iniciativa da DrumWave se posiciona como resposta à assimetria de poder gerada pelo modelo econômico historicamente defendido pelas grandes empresas de tecnologia.
A startup fundada no Vale do Silício mantém subsidiárias em São Paulo e Cingapura. Seu principal produto é o dWallet, lançado em outubro de 2023 nos EUA.
O dWallet funciona como uma poupança de dados descentralizada, que permite ao usuário armazenar, gerenciar e monetizar suas próprias informações digitais. A ferramenta busca resolver a falta de autonomia que os usuários têm sobre seus dados armazenados em nuvem, ao transferir o controle dessas informações das plataformas para o indivíduo.
Vellozo usa uma analogia com o sistema bancário para explicar o conceito da carteira digital de dados:
“O seu dado está na nuvem. Outras companhias e outras pessoas gerenciam seu dado e até se beneficiam dele. E você? Você não consegue fazer nada com ele. Você não tem autonomia sobre seus dados. O que o dWallet faz é criar uma poupança de dados e dar a você autonomia sobre eles. É como se fosse uma versão do sistema financeiro para dados.”
Ele afirma que o 1º passo para transformar dados em valor é “fazer o indivíduo ser dono do seu dado”.
Vellozo utiliza uma analogia com o sistema bancário para explicar o conceito da carteira digital de dados. Segundo ele, assim como o dinheiro guardado no banco pode ser movimentado livremente, o mesmo deveria ocorrer com os dados pessoais:
“O seu dado está na nuvem. Outras companhias e outras pessoas gerenciam seu dado e até se beneficiam dos seus dados. E você? Você não consegue fazer nada com ele. Você não tem autonomia sobre seus dados. O que o dWallet faz é criar uma poupança de dados e dar a você autonomia sobre eles. É como se fosse uma versão do sistema financeiro para dados”, declara.





