• Sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Ministério da Saúde orienta evitar destilados: “Não é essencial”

Padilha recomendou que, ao consumir bebidas, a pessoa esteja alimentada e hidratada para reduzir risco de intoxicação.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou nesta 5ª feira (2.out.2025) que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas destiladas quando não houver “absoluta certeza da origem”. O alerta é voltado principalmente aos destilados incolores, nos quais já foi detectada a presença de adulteração com metanol. “Não estamos falando de um produto essencial na vida das pessoas”, afirmou.

Segundo ele, o tratamento mais eficaz contra a intoxicação por metanol é o etanol farmacêutico, que compete com o metanol no metabolismo e pode evitar mortes e sequelas graves, como insuficiência renal e neurológica. Ressaltou, no entanto, que esse produto não deve ser adquirido em farmácias de manipulação nem usado por conta própria, mas apenas sob supervisão médica em ambiente hospitalar.

Outra alternativa em análise pelo ministério é o fomepizol. Segundo Padilha, já foram feitos contato com empresas na Índia, em Portugal e nos Estados Unidos para garantir a compra emergencial e até a doação do produto, considerado “medicamento órfão” por ser raro. O fomepizol é um antídoto usado em casos de intoxicação por metanol, etilenoglicol e dietilenoglicol. A substância ainda não é registrada no Brasil.

Antes da onda registrada em agosto e setembro de 2025, a média de casos ficava em torno de 20 por ano, segundo dados do Ministério da Saúde. As intoxicações resultam do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas como gim, vodca e whisky.

O Ministério da Saúde informou que segue em articulação com secretarias estaduais e municipais para monitorar e adotar medidas de prevenção.

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais.

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica —um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

Por: Poder360

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