Manifestações anti-Trump "No Kings" levam multidões às ruas nos EUA
Envio da Guarda Nacional para cidades é uma das ações criticadas
Multidões se reuniram em todos os Estados Unidos para mais de 2.600 protestos "No Kings" (Sem Reis) neste sábado contra o que os participantes consideram tendências autocráticas e ações antidemocráticas do presidente Donald Trump.
A expectativa é que milhões de pessoas marquem presença nas manifestações em grandes cidades, cidades pequenas e até mesmo em algumas capitais estrangeiras até o fim do dia, de acordo com os organizadores.
A participação, que se baseou nos primeiros protestos "No Kings" em junho, refletiu a frustração em relação às medidas do governo, incluindo processos criminais contra aqueles vistos como inimigos políticos do presidente, operações de imigração em todo o país e o envio de tropas federais para cidades dos EUA.
"Não há nada mais americano do que dizer: 'Não temos reis' e exercer nosso direito de protestar pacificamente", disse Leah Greenberg, cofundadora da Indivisible, uma organização progressista que é a principal organizadora das marchas "No Kings".
Em Washington, D.C., os manifestantes encheram a rua enquanto marchavam em direção ao Capitólio, cantando e carregando cartazes, bandeiras dos EUA e balões. Muitas pessoas -- e seus cães -- usaram fantasias em uma atmosfera pacífica, de carnaval.
São Francisco (Califórnia) 18-10-2025. Atos nos Estados Unidos contra Donald Trump. REUTERS/Carlos Barria/ Proibida Reprodução
Manifestantes vestidos com listras em referência a trajes de prisão e grandes cabeças caricaturais de Trump e outras autoridades exibiam um cartaz dizendo "Impeach Trump Again", pedindo um novo impeachment para Trump.
O manifestante Aliston Elliot, que usava um capacete da Estátua da Liberdade e segurava um cartaz "No Wannabe Dictators" (sem aspirantes a ditadores), disse: "Queremos mostrar nosso apoio à democracia e à luta (pelo) que é certo. Sou contra o excesso de poder".
Eventos nas cidades de Nova York, Boston, Chicago e Atlanta também atraíram grandes multidões. No centro de Houston, o veterano do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA Daniel Aboyte Gamez, de 30 anos, juntou-se a algumas centenas de outros manifestantes.
"Não entendo o que está acontecendo nesta nação neste momento", disse Gamez, que serviu no Iraque, no Afeganistão e na Síria. "Como veterano do Corpo de Fuzileiros Navais, entendo que os Estados Unidos foram fundados com base em ações contra tiranos, contra reis."
Desde que assumiu o cargo, há 10 meses, Trump intensificou a fiscalização sobre a imigração, reduziu a força de trabalho federal e cortou o financiamento de universidades de elite devido a questões como protestos pró-palestinos contra a guerra de Israel em Gaza, diversidade no campus e políticas para transgêneros.
Los Angeles (Califórnia) 18-10-2025. Atos nos Estados Unidos contra Donald Trump. REUTERS/Daniel Cole/ Reprodução Proibida
Moradores de algumas grandes cidades viram tropas da Guarda Nacional serem enviadas pelo presidente, sob o argumento de que são necessárias para proteger agentes de imigração e ajudar a combater o crime.
Trump falou muito pouco sobre os protestos deste sábado. Mas em uma entrevista à Fox Business exibida na sexta-feira, disse que "eles estão se referindo a mim como um rei -- eu não sou um rei".
Mais de 300 grupos de base ajudaram a organizar as marchas deste sábado, disse Greenberg. A American Civil Liberties Union (União Americana pelas Liberdades Civis) disse que deu treinamento jurídico a dezenas de milhares de pessoas que atuarão como xerifes nas várias marchas, e que essas pessoas também foram treinadas para reduzir a violência. Anúncios e informações do No Kings circularam pelas redes sociais para estimular comparecimento.
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